segunda-feira, 14 de maio de 2007

Há algo de podre no reino da Dinamarca.


“Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Frase dita por Hamlet, personagem do grande romance com o mesmo título, assinado por William Shakespeare, um dos maiores ícones da literatura mundial. A frase foi proferida pelo personagem em um momento de perseguição, quando o próprio Hamlet passa a se fingir de louco para ter sua vida poupada. No final Hamlet consegue eliminar o seu algoz, mas morre também ao ser ferido por ele de raspão, por uma lança envenenada.

A frase de Shakespeare não foi dita apenas pro reino da Dinamarca. A visão cosmopolita do grande William sabia que há sempre algo de podre em todas as fronteiras do mundo. Algo de podre na França, na Inglaterra, na América do Sul, no Brasil e como não poderia deixar de ser, no Estado de Rondônia.

E deve ser muito podre. Tão podre que precisa ser escondido apenas na consciência já pesada dos seus causadores. Na latrina imunda daqueles que não têm escrúpulos e são capazes de verdadeiros horrores em nome da ambição e do dinheiro. O mau cheiro dessa podridão se encontra estagnado em cada centímetro quadrado de toda a extensão geográfica do Estado e já é sentido pelo Brasil inteiro, transformando Rondônia em uma imensa fossa de dejetos políticos de toda ordem.

Por aqui não existe o temor à lei. Por aqui não existe o cumprimento às ordenações constitucionais. Não existe respeito à livre iniciativa, porque toda intenção de participação é quase sempre barrada por concorrências direcionadas. Porque o nepotismo campeia solto e os favorecimentos saltam aos olhos em qualquer posto de trabalho disponível.

Em Rondônia existem apenas 3 categorias sociais quando se trata de qualquer participação nos poderes: os submissos, donos de todas as regalias e benesses; os indiferentes que reconhecem suas impossibilidades e não se importam em lutar por seus direitos; e os contrários, porque não pactuam com o desordenamento e por isso são considerados como inimigos, quase sempre fustigados por processos que tramitam em julgado como totalmente fora da realidade.

Aos primeiros tudo. Lugares reservados em todas as companhias aéreas, diárias saídas do bolso do contribuinte, aumentos constantes de salário, segurança pessoal, transporte, alimentação e outras mordomias capazes de compor o paraíso em terra de qualquer mortal. Aos últimos a dureza da vida sobressaltada, das ameaças de morte, dos impropérios, das humilhações públicas e da execração.

Como poderemos sobreviver ou julgar corretamente sem as palavras corretas e bem articuladas de Rubens Coutinho? Como poderemos dar início a uma nova etapa do desenvolvimento do Estado se esse grande escriba não noticiar constantemente a sujeira deixada pelos desmandos públicos? Como analisar com justiça tudo o que se passa no Estado sem a contradita de Everaldo Fogaça? Como observar com olhos imparciais sem os imbróglios levantados por Mario Moraes e que nos orienta todos os dias? Como perceber os destemperos sem a sensibilidade e o sabor das investidas de Paulo Queiroz?
Como dormir em paz sem a certeza da vigília de Cláudio Humberto e Roberto Kuppe?

Impossível. A vida com eles tem o gosto amargo da desesperança provocada por tudo o que noticiam. Mas a vida sem eles nos transformaria em simples expectadores de lutas combinadas, de safadezas impenetráveis e de conluios inconfessados vindos de quem comanda o dinheiro suado do povo.
Há algo de podre no reino da Dinamarca. E pode ficar mais podre ainda se o poder conseguir amordaçá-los.

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