segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

CANALHA

Descendo pela rua da direita, que passa bem em frente à uma praça toda pintadinha de branco,e do lado esquerdo de quem caminha para a rua da feira, todos se deparam com uma sequência de ruinhas estreitas e paralelas, que nos primórdios da cidade, serviam de paradas obrigatórias de tropeiros. Uma delas chama-se Rua do Prego, nome originado de um brechó que ali existe de longa data, cujo proprietário, um turco chamado Rachid, se tornou uma figura lendária, admirada e muito amada por toda a comunidade.

Rachid começou seu negócio trazendo cacarecos das grandes cidades e, com seu jeito especial e habilidoso de comerciante, foi ampliando, renovando e inovando sua idéia inicial, até que hoje a CASA RACHID- nome do empreendimento exposto em letras imensas na fachada -, já , pode se dizer, se tornou praticamente um grande bazar bem à moda turca, repleto de utilidadades.

O slogan do negócio “ A CASA DOS AMIGOS”, define muito bem o comportamento desse descendente da imigração árabe. Rachid negocia de calcinhas femininas a motoserras, passando por eletrodomésticos, tecidos, utensílios e até uma pequena drogaria . Hoje a empresa faz parte do dia a dia de toda a população de Ceresópolis e, definitivamente, o primeiro endereço de compras a vir na memória. Não existe nele nada que um cristão procure e não ache. A aparência bagunçada guarda uma certa organização, visto que letreiros informam os produtos existentes nas prateleiras, ou espalhados pelo chão e ainda pendurados no teto do espaço comercial dirigido pelo habilidoso turco.

Rachid também é agiota. Mas um agiota do bem. Dá a impressão que empresta dinheiro para socorrer os que se encontram em situação difícil e com juros muitíssimo abaixo dos que são praticados no mercado. Seus empréstimos nunca ultrapassam a quinhentos reais e todos são feitos com garantias. E que garantias !

Aceita panela de pressão, roda de carro, ventilador e tudo quanto é quinquilharia. Aceitou até um marlin azul esculpido em madeira que hoje enfeita o seu bonito escritório. A obra de arte foi pega para assegurar o pagamento de alguns reais, emprestados a um coitado qualquer que não pôde honrar o compromisso.

Era fácil tomar esses pequenos “ajutórios” das mãos de Rachid. Mas a condição era clara: o não pagamento no prazo combinado, fazia com que o objeto fosse colocado imediatamente à venda, em um espaço chamado USADOS RACHID.

E essa sempre foi a melhor parte do empreendimento. Uma infinidade de artigos de segunda mão ofertados. Um pouco de paciência e uma boa pesquisa resultava sempre em um bom negócio. E tome carretéis de pescaria, livros, materiais escolar, rodas de carro, fogões, geladeiras e outras centenas de itens. Eu já encontrei um perfume Francês faltando dois dedos do líquido. Comprei na hora.

Ao lado do já bem sucedido negócio do turco, existe uma porta deixada cerrada, mas sempre aberta. É a única casa não ocupada pelo comercio do turco no lado esquerdo da rua do prego, que hoje invade todo o quarteirão. A fachada verde, já carcomida pelo tempo, é cheia de feridas que a idade costuma deixar em tudo que é velho , e expõe um estilo de construção colonial, onde se vê um portal alto de madeira e do lado direito, uma janela com um beiral feito de ferro e já todo enferrujado.

A alma boa do árabe tem um motivo especial para não trancar a porta da tapera: ela serve de morada eventual para Canalha, um desses tipos estranhos que perambulam por todas as cidades e que não têm eira nem beira.

Canalha mora exatamente na rua do prego. As vezes deitado sobre alguma sombra de marquise, outras vezes parado e olhando pro nada, como se visse alguma coisa lá pras bandas donde a vista da sanidade não enxerga.

Em seus momentos calmos todas as emoções parecem lhe aflorar no rosto. Franze o cenho como que com ódio; ri sarcasticamente balançando a cabeça como se duvidasse de algum fato; Chora copiosamente um choro de soluços sentidos, na maioria das vezes consolado por algum passante já acostumado com ele. Doutras vezes conversa sozinho animadamente, como se estivesse em grande roda de amigos, para depois se deitar com a cabeça sobre um saco de quinquilharias, mansa e calmamente, como se uma grande inocência lhe invadisse a alma. E assim passa algumas horas, até que a vigília de um outro mundo venha a lhe acordar novamente.

As vezes Canalha surta. E esse é o seu lado mais assustador.

Ergue-se do chão num repente e começa a pular e fugir do que, na visão dos passantes, parecem golpes desfechados contra ele. As duas mãos entram com vigor nessa batalha imaginária e ficam afastando do corpo, estocadas vistas só por ele mesmo. Canalha pula... se debate... se abaixa. ..algumas vezes fica de cócoras com a cabeça escondida entre as mãos e as pernas, dando mostras de um pavor imenso. Em seguida levanta-se novamente pra enfrentar a pendenga e corre e dá pinotes em uma pantomima hilariante se não fosse trágica.

De repente para. Parece que, como por encanto se desse o fim da terrível briga, e o inimigo se afastasse.

Nesse momento começam os impropérios. Esbraveja aos berros palavras ininteligíveis olhando para o alto. Aponta para o céu, ameaça, e finalmente começa a liberar seu maior grito de guerra :

---CANALHAAAAAAA! CANALHAAAAAA! CAAAAAAAAAAAANAAAAAAAAAAAALHAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Essa é a última parte desse show deprimente. A explosão final que sempre pareceu lhe minar todas as forças. Após esse ultimo xingamento Canalha sempre estanca quieto e inerte. Depois, e aos poucos, flexiona o joelho até se sentar sobre os calcanhares. Em seguida e ainda de cócoras, apenas vira o corpo como se perdesse os sentidos e cai de lado em profundo sono nessa posição fetal. Parecia que uma ordem superior provocasse o seu desmaio.

Terminado o surto, era a vez de entrar em cena a alma bondosa de Rachid.

Rachid senta-se ao seu lado e parece susurrar palavras de conforto àquele martírio. O turco segura a mão do sofredor, levanta-o com o braço por baixo de sua cabeça e faz com que ele beba um copo de água. Quando percebe que está tudo calmo, fica de pé e sai balançando a cabeça, manifestando tristeza.

Eu me tornei amigo de Rachid por ser representante comercial. O sujeito já quis até me empurrar uma sobrinha bonita necessitada de casamento. Várias vezes aceitei seu convite para participar das faustas mesas que oferece a amigos, em datas especiais ou fins de semana. A companhia é agradabilíssima e a conversa roda sempre recheada de boas gargalhadas.

Um dia Rachid me contou o sofrimento de Canalha. Contou que Canalha é seu primo, filho único de pai e mãe mortos em uma febre estranha que se abateu na cidade. Contou também que Canalha já foi gente de bem, dono de casas, terrenos e uma pequena fazenda nos arredores do município.

O primeiro golpe terrível acontecera com a morte de dois filhos, por uma descarga elétrica que se abateu exatamente na árvore onde as crianças brincavam. Os meninos foram tostados e viraram pequenos fardos de carvão em caixões lacrados, para que ninguém visse suas pavorosas imagens.

Um par de ano depois foi a vez de sua única filha. Morreu sem socorro, entalada por um pedaço de carne dentro de casa, sem que ninguém visse.

A última a partir foi sua esposa. Perdera Aminad e uma outra filha no momento do parto. Rachid em seu minucioso relato dá conta de que o médico, após o óbito da querida esposa, e, tentando amenizar um pouco o tamanho da desgraça dissera que Aminada e Sara, foram levadas por Deus.

Conta também que nesse momento Canalha perdeu o chão. Correu em desespero pra fora do hospital e desapareceu por quase uma semana. Quando deu as caras estava roto, sujo e completamente fora de controle. A família tentou varias vezes a recuperação com inúmeras internações psiquiátricas, sem qualquer resultado.

Depois todos foram se afastando, até que só restou ele mesmo. Conta também que dentro da casa verde, Iussef – alcunhado Canalha - tem todo o conforto. Tem geladeira, fogão, cama, televisão e tudo. Mas nunca dorme dentro do imóvel. Prefere se deixar solto nas ruas, na crueldade da solidão que deve ser o mundo dos insanos.

Depois de ouvir os relatos de Rachid eu tive uma certeza: nos seus malabarismos de rua, Canalha se defende de demônios e, com impropérios, manifesta o seu mais terrível e imenso ódio a Deus.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

INSTANTÂNEO DO PASSADO


Há os que ainda lêem ícones antigos
Relembrando esses bons tempos da memória,
Sugada por um fio de fibra ótica,
E esparramada calma, no silício,
De ene à ene neureletrons quase vivos.

É lá que vai estar todo sorriso
Em outra dimensão, outro universo
Onde toda palavra de amor em prosa e verso
Será buscada quando for preciso.

Mando-te um beijo agora doce amada
Em emoções vistas hoje em pixels
Voejando soltas pelos ares
Como gaivotas eletronizadas,
Que é o que há, amor, de mais moderno

Deita-te comigo,então, distante
Fala-me em voz ilógica analógica
Que nada tem de real, muito de lúdica
Nessa high tech genética binária.

E eu te amo tanto meu amor
Que te preservo. E assim,
Meu conselho amor é que não saias.
Porque assim ausente estarás contigo,
Linda, em coloridos gigabaites.

Não se atenha a encontrar pessoas.
Cuidado ao sigilar as suas senhas.
Não deixe rastros nesse seu caminho,
Todos caminham sobre fundo falso.

Todos os passos hoje são seguidos.
Todas as dores hoje são fingidas.
Todas as flores hoje são de plástico.

Mas sorrias, vais estar sendo filmada!
Voce me sabe em seu celular com GPS.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A MERDA ANTIGA E A MERDA NOVA


Parece que de uma hora pra outra, a falta de argumentação na defensa da safadeza vigente, resolveu jogar a culpa dos problemas do Brasil no capitalismo.

Gente sem leito hospitalar, sem remédio, penando dores em corredores de hospitais?

Capitalismo!



A crueldade do capitalismo sem sensibilidade que, deixa milhares de pessoas morrendo à míngua até em Brasília, a capital do poder e do dinheiro.

Educação desnorteada, insuficiente e formadora de analfabetos?

Capitalismo!

A malvadeza de um sistema econômico que quer ver todo mundo burro, para que não hajam manifestações contrárias.

Bandidagem desenfreada, tráfico, prostituição, corrupção de menores e outros crimes? Capitalismo!


A frieza da ambição desmedida que sobrevive das benesses de tudo quanto dê dinheiro. E isso inclui a inépcia da própria segurança pública, que não existe exatamente pra dar apoio ao faturamento da criminalidade.

Estradas mal cuidadas, descuido com a infra estrutura, falta de socorro às intempéries nacionais, desamparo aos afogamentos urbanos?

Capítalismo!

Capitalismo e sua dissimulação que veda os olhos pra não ver os problemas sociais que saltam à vista.

Mas então que merda é que os socialistas estão fazendo no poder?

Será que estão fingindo um socialismo e na realidade apoiando todos os demônios capitalistas?

Será que a única grande realização socialista é essa maldita esmola de cento e poucos reais, e que na realidade vem de um capitalista desumano chamado Fernando Henrique Cardoso?

Será que o socialismo, em seu leiaute novo, existe para apoiar banqueiros que acumulam fortunas incomensuráveis?

Será que veio para encobertar safadezas de Senadores, Governadores , Deputados e outros velhos conhecidos da Polícia Federal e do Ministério Público?

Será que veio pra falar merda?

Será que nasceu para se entristecer com a prisão dos Arrudas dessa imensa pocilga?

Ou para gastar rios de dinheiro com mídia?

Ou ainda pra mentir desbragadamente?

Ou pra passar por cima da, lei falseando com mentiras, uma visível campanha política com sua pretensa candidata?

Será que veio pra comprar aliados na putaria dos mensalões?

Será que veio pra obter o máximo de poder, influenciando decisões da justiça?

Se foi pra isso eu rejeito.

Prefiro a merda antiga a essa merda nova, muito mais malcheirosa e nojenta.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

SÓ ROUBE SE FOR POLÍTICO


Menino véio, o pretenso criminoso que se dispuser a saber um pouco mais sobre o sistema penitenciário do Brasil, com certeza vai desistir da próxima façanha fora-da-lei.

É algo tão nojento que tranferir os presos para um chiqueiro de porcos seria um ato de caridade e comiseração.

Imaginem que o Brasil dispõe de quinhentos e poucos presídios onde cabem apertadamente duzentos mil apenados, mas que na realidade estão entupidos com mais de quatrocentos e cincoenta mil presos.

Isso significa que em uma cela onde deveriam ficar vinte homens, abriga mais de quarenta, sem higiene de qualquer espécie e com todas as formas de promiscuidades possíveis.

A sexualidade nesses antros é tida através da homossexualidade obrigatória, onde os mais poderosos enrabam diariamente os menos favorecidos pela sorte, que ainda são obrigados a servir em regime de escravidão às lideranças do crime (Qualquer dúvida basta perguntar pro Lula).

E isso se traduz em disseminação de doenças que vão desde a simples blenorragia, sífilis, cancros e AIDS (Informações precisas dão conta que 20% dos sentenciados já estão contaminados por ela).

Tudo isso sem qualquer cuidado de saúde (Se nós que somos livres não contamos com esse serviço público, imagine um presidiário).

Em uma análise mais profunda os números ficam cada vez piores.

Noventa e cinco por cento da nossa população carcerária é composta de homens jovens, pobres e sem qualquer esperança de futuro. Metade deles sem concluir o primeiro grau e 10% sem alfabetização.

Tem mais. Um terço deles cumpre pena fora dos espaços prisionais e estão totalmente esquecidos pela justiça, sem qualquer informação sobre o julgamento dos seus processos.

A anarquia é generalizada. Tanto faz o assassino contumaz quanto o ladrão de galinha. Todos são misturados nessa dantesca pocilga e os menos perigosos, com o ódio de vivenciar essas atrocidades, acabam por se tornar criminosos especializados.

Quando libertados, procuram emprego durante três meses, e ao encontrarem todas as portas fechadas, retornam imediatamente ao mundo do crime. E isso representa 90% de todos os que ganham a liberdade.

Eu não sou dos que acham que bandidos merecem conforto e luxo, e até penso que azeite quente derramado em um funil, enfiado no furico de um bando de filhos da puta desses, seja até merecido. Mas não pra todos, é claro. Apenas para uns cincoenta mil que formam a elite da violência generalizada.

Isso nos livraria de, no mínimo, cem milhões de reais pagos mensalmente , visto que cada presidiário custa 3 salários mínimos. Isso mesmo. 3 salários mínimos para manter esse “excelente” serviço que deveria se prestar à recuperação dos aprisionados, mas que na realidade se mostra como especializado em formar novos criminosos.

Portanto Ilustre Senhor Futuro Criminoso, pense quinhentas vezes antes de cometer sua contravenção, crime ou delito. Não existe dinheiro que pague o sofrimento de uma boa temporada nesse inferno.

Mas se insistir em ser bandido, tome outro rumo. Seja um bandido dentro da lei. E para isso basta se candidatar a vereador, deputado estadual, governador ou conseguir uma colocação no dadivoso universo do funcionalismo público.

Aí pode.

Dessa forma você conseguirá procrastinar indefinidamente sua sentença. E até que ela seja tramitada em julgado, a lei vai presumir sua inocência.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA


Ainda na semana que passou, um fato me chamou a atenção, em virtude de algumas semelhanças que andam transformando as instituições do Brasil , em estruturas cada vez mais desacreditadas.

Quatro indivíduos foram presos por assaltar um entregador de pizza, na bonita cidade de Ariquemes, no Estado de Rondônia.

Ao que consta na notícia, não houve violência física e a ameaça para render o entregador foi feita com um pedaço de pau.

Ninguém roubou pra comercializar. E a não ser pelo assalto em si, que caracteriza sim uma violência contra o capitalismo cruel e opressor, nada mais houve que transformasse o caso em algo hediondo.

Pois os quatro esfaimados meliantes foram presos, sem vídeo gravado, sem testemunhas no local do “dá cá essa gostosura” e sem mais nada. Não houve tentativa de suborno, não houve distribuição de magotes de dinheiro e nem pedido de perdão choroso e cagado de medo, frente às câmeras.

Daí você pode perguntar o que é que tem uma coisa com a outra. Mas eu aconselho a não perguntar não. Assim você evita que a sua insuspeitável Inteligência seja colocada em dúvida, porque só mesmo sendo muito burro pra não perceber as semelhanças.

Mas eu bem que posso dar u’a mãozinha. E posso começar dizendo que o crime terminou em pizza. Segundo devo dizer que o termo merda, tão em moda hoje em dia, é a única prova existente e que poderia servir como prova material do crime, não houvesse sido cagada já a algum tempo.

A única diferença ainda não foi dita. Mesmo sob a alegação da defesa de que os meliantes apenas comeram algumas pizzas sem pagar, fato confessado pelos acusados, e também com a comprovação - nos autos - de que a quadrilha tinha profissão definida, mas se encontravam na triste contingência de desempregados, a Desembargadora não aceitou o pedido de habeas corpus e nem o relaxamento da prisão.

Isso talvez se deva ao pequeno montante do crime “inafiançável” e talvez porque os referidos “passa fomes” não tenham repartido nada com ninguém.

E assim fica provado um novo adágio popular que, como uma boa pizza, já anda de boca em boca. Ladrão, na legislação vigente, é aquele que rouba ou furta, mas não ocupa cargo público.

Os infelizes continuam em cana. E por lá devem ficar por um bom tempo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MARCIO


Marcio foi um grande amigo.

Quando moços, andávamos juntos pela boemia.

Violonista dos melhores que conheci, que,com ouvido absoluto, acompanhava de prima, qualquer coisa que se cantasse pra ele.

O tempo passou e Marcio se entregou às drogas.

Tanto cheirou, tanto fumou e tanto ingeriu LSD que acabou meio maluco.

Quase nada restou do Marcio de antigamente.

Vez em quando Marcio aparecia. Sorria seu sorriso banguela,- pois perdera vários dentes da frente em virtude de brigas e outras aventuras infernais - e se sentava comigo no alpendre da minha casa.

Márcio contava casos e mais casos havidos com gente que já morreu.

Uma conversa interessante, vinda de uma pessoa humana formada e com pós graduação em história.

Ao final Marcio me pedia para tocar “Eu sei que vou te amar”.

Todas as vezes que me visitava, pedia a mesma canção.

Pacientemente nós nos dirigíamos para o piano e ele ficava parado ouvindo.

Marcio não ouvia, bebia a música.

Assim que eu terminava Marcio se virava rumo ao portão e caladinho procurava o rumo de casa.

Não agradecia nem nada. Não dizia nem uma palavra.

Um dia, ao final da conversa, Marcio me pediu pra tocar “Eu sei que vou te amar”.

Eu, curiosamente, perguntei o porquê da mesma canção todas as vezes.

Marcio apenas balbuciou...não sei. E chorou.

Levantou-se e caminhou caladinho para o rumo do portão. E se foi.

Nunca mais Marcio apareceu.

Até hoje eu não sei o porquê de tamanho interesse do Marcio por essa música.

Acredito que resquícios de um amor antigo, o mantenha vivo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

NA BOCA DO PIANO


NA BOCA DO PIANO.
Não se inventou ainda um instrumento musical mais exibido do que o piano. Se for preto então, vira a vedete da sala. Até porque não existe nada que seja maior que ele, na decoração de qualquer ambiente. E quando tem um ou uma pianista sentado nele, vira o centro das atenções.

O preto piano é de tal ordem bonito, que hoje é copiado para tecnologias recentes, servindo de qualidade a mais para celulares e televisores.

E além disso, quando o é na forma de armário, serve de espelho, proporcionando uma visão ampla de todo o ambiente. Assim o instrumentista pode perceber de imediato as reações de toda a sua platéia. Isso facilita em muito a mudança do repertório.

Pra quem toca em ambientes comercias, isso é um verdadeiro achado. Basta perceber a reação da audiência e fica tudo acertado.

E isso também é impressionante. Parece que a platéia inteira veio pro jantar com uma vontade comum. As vezes querem boleros, por outras bossas requintadas e ainda aquelas canções melosas dos cantantes americanos do tipo only you, my way, let me try again e outras.

E aqui vai um conselho para os que pretendem seguir esse caminho: nunca vá para suas funções sem um bom repertório de Roberto Carlos guardado na manga. Os pedidos virão, quer você queira ou não.

Roberto, Djavan, Toquinho e Vinicius, Tom Jobim e Chico Buarque tambem devem tomar parte obrigatória em todo repertório pianístico que se preze.

E aprenda a tocar Prece ao Vento. É mágica pura. Voce percebe o silêncio da sala quando inicia as primeiras evoluções harmônicas da música. Mas toque lânguidamente, de forma que cada nota da melodia seja uma flecha dirigida ao coração de cada um dos presentes.

Não se esqueça também de fascinação. Com ela os aplausos que alimentam nossa vaidade artística, são obrigatórios.

Eu toco que me vem na cabeça. Nunca faço uma programação. E assim entro em total harmonia com os desejos da noite.

Certa vez eu resolvi mudar tudo. Entrei de sola no baú da MPB antiga e retirei lá do fundinho, tudo o que pianista nenhum executa.

Comecei com A Vida é Um Moinho do inesquecível Cartola. Em seguida tasquei Ela Disse-me Assim do Lupicínio. Fui em frente com Caminhemos do Herivelto. Arregaçei com Nervos de Aço do Lupicinio. E daí em diante.

Quando eu ainda interpretava Ela disse me assim do Lupicínio olhei para trás e vi u’a mesa com um casal e uma senhora de idade.

A tal senhora chorava copiosamente. E o choro não era silencioso. Era choro barulhento e que criava um certo constrangimento no ambiente.

Quando mais eu tocava mais o chororô aumentava de volume até que, sem poder continuar, eu me levantei e me dirigi a mesa onde ela estava.

Educadamente perguntei se havia algum problema. Definitivamente não devia ter feito isso.

A mulher se levantou e gritou pra todo mundo ouvir: “...eu nunca mais volto nesta espelunca”.

Eu, sem saber o que dizer , apenas tentei entender o problema: “...senhora, perdão, mas a música está tão ruim assim?”

Ela respondeu: “ ...não é isso. As suas interpretações são maravilhosas. Pena que o Senhor tenha um espírito sádico. Parece ter prazer em provocar tristezas nos outros. O que o Sr. fez foi lembrar as coisas mais bonitas da minha vida e que hoje se transformaram em todas as minhas tristezas”

Dito isso a mulher perdeu os sentidos e desmontou desengonçadamente derrubando talheres e copos que estavam na mesa.

Foi um Deus nos acuda. Carregaram a mulher pra um sofá da sala de espera. Chamaram médico. Ela se recompôs e foi embora.

Voltei ao piano decidido a mudar de repertório. Imediatamente ataquei de Wave do Tom. Depois Regra três do Toquinho e Vinicius. E fui por esse caminho.

Quando eu já estava me afiando no repertório, levanta outro sujeito lá do finzinho da sala e do alto dos seus setenta anos, gritou pra todo mundo ouvir: “...negativo! Pode tratar de continuar com o outro repertório!”. “Não é por uma boboca qualquer que a gente vai deixar de ouvir essas maravilhas”.

Vai entender.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

INOCÊNCIA


Eu estou saindo dos piores trinta dias da minha vida. Nunca antes na história deste País alguém trabalhou tanto. Mas não tinha outro jeito. As dívidas acumuladas pelo “deixa rolar” do fim de ano, já estavam rosnando a meio metro do meu indefeso bolso, e, fofoqueiras como são, estavam prontas pra fazer fuxicos meus pro SPC e pro CERASA.

O pianinho que eu toco todo fim de semana, definitivamente não é suficiente para dar conta de todas as necessidades das mulheres que me juram amor eterno e usam e abusam da minha inocência.

E eu sou daqueles defuntos sem choro. Não sou aliado político de ninguém, não puxo saco de patrão, não tenho um deputadozinho que me ampare em minhas tristes contingências, e nem sequer conheci um Arrudazinho, por menor que seja, que tivesse a benevolente idéia de me chamar pra uma pungazinha xexelenta.

Até porque todos sabem que receberiam um “vai tomar no cú” bem no meio das ventas. Ou um “vai tomar no olho do seu cu” desta vez com CEP.

E eu diria isso não por patriotada ou por extremada honestidade. É cagaço mesmo. Eu sou daqueles que quando tenho razão, fico valente que nem cachorro grande brigando por cio de cadela. Mas, errado, sou um dos maiores covardes que uma mulher possa ter dado à luz neste mundinho sem porteira.

Fico imaginando meu nome na boca de” matildes”, ou minha imagem aparecendo em algum daqueles programas policiais nojentos que passam em todo o Brasil, bem na hora do almoço.

E assim prefiro ir levando essa mancha de inocente, hoje tão criticada e tão humilhada por aqueles que andam por aí em carrões importados e ostentando riquezas que ninguém sabe de onde vieram. Ou sabe.

Eu sou inocente por não cometer crimes ou por absoluta falta de vocação pra ser um fora-da-lei. E não estou sozinho nisso não.Conheço muitos assim como eu. Todos viventes em meio a dificuldades e correndo risco de morrer de dengue por falta de assistência médica.

Existem outros, neste imenso universo da inocência.

Existe o inocente que pensa que seus nós não virão ao pente. Que podem tudo e que as mazelas praticadas em meio a inebriante festa do poder, jamais serão descobertas por se tratar de crimes perfeitos, onde a bandidagem e a justiça estão em conluio.

Ledo engano. Pura inocência. Sempre haverá um bandido mal servido ou insatisfeito.

Esse, - se não se tornar arquivo morto, encontrado cheio de moscas na beira de uma rodovia qualquer – vai por tudo a perder, denunciando sorrateiramente o jogo sujo.

Existe o inocente que entra de gaiato. O inocente laranja que, perante a magnitude de uma incelença qualquer, empresta seu nome pra contas fantasmas ou empresas fictícias, dessas que participam de concorrências públicas. E isso em troca de merrecas financeiras, que só atendem ao estomago e as necessidades urgentes de suas famílias.

Existe o comprador de inocência. Estes são os piores. Alcagüetes sujos e nojentos, participantes da farra da ladroagem que, ao perceberem o fechamento do cerco, resolvem filmar e dedurar seus parceiros.

Há também o inocente ideológico. Aquele que, no alto de verdadeiros privilégios de inteligência e cultura, age em boa fé e acredita piamente que seus líderes são messias vindos ao mundo para melhorar a péssima vida que todos vivem.

Esses eu perdôo. E até espero que tenham razão. Seria tão bom se tivessem...

E, finalmente, os inocentes por necessidade. E por aqui, estes são os que mais impressionam. Em troca de pouco mais de uma centena de reais, fecham suas bocas.

Mudos, apenas balançam a cabeça afirmativamente, perante qualquer estultice vinda dos que compram seus silêncios.

São os amordaçados pela fome. Pela necessidade premente. Por viverem ao revés de um desenvolvimento pródigo com poderosos e cruel com os menos favorecidos.

Inocentes catatônicos nas salas de espera da saúde. Inocentes sendo cooptados pra bandidagem na flor da idade. Inocentes drogados nos becos e nas vielas. Inocentes prostituidas para o sustento de uma prenhez abandonada por um irresponsável.

Inocentes mortos por irresponsabilidade bêbada nos volantes, na fila de espera do ônibus.

São mais de sessenta milhões de inocentes. Todos crédulos. Todos com esperança no futuro que já se arrasta por mais de quinhentos anos.

E o pior. Não há argumento, não há meio, não existe força capaz de lhes tirar essa subserviente e tão necessária inocência.

2010 conta com eles.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CAMPANHA PRESIDENCIAL

Aqui vai minha humilde contribuição para a campanha presidencial da dona Dilma.

A música é do Zé Ramalho e pode virar o jingle oficial da nova arrancada petralha rumo ao planalto.

Parabéns Zé!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CRIME PASSIONAL

Nem mais a certeza do meu pulso
Minhas mãos só tocam coisas vis e vãs.
Sem meu querer, revira o meu olhar,
hora perscrutando uma doçura cega
Vendo sem ver absolutamente nada.

Minhas pernas caminham esmamente,
E obedecem andar pra não sei onde.
Ando e sob meus pés não sinto o tempo,
Com suas engrenagens minutadas,
E hora marcada pra chegar em não sei quando.

Já não sou meu guia nessa estrada
E mesmo sabendo o como e o porquê,
De repente eu perdi o meu comando.

Não sei onde é meu onde nem meu quando
Se estou no meu principio, meio ou fim
E as vezes paranóico vou pensando:
Alguém, com certeza, me roubou de mim.

sábado, 30 de janeiro de 2010

UM TIRO NA PAIXÃO DE CRISTO

Voce já foi em Minas, nega? Não? Então vá! Vá mas tome cuidado! Vá de boca fechada.

Minas não é recomendada pra quem tem esses chiliques modernos de emagrecimento e nem pra quem tem piripacs presidenciais de pressão etílica ou colesterol alto e outras atividades bucais do pecado da gula.

Minas engorda. Definitivamente engorda. Até o mapa do Estado de Minas é gordo.

Frescura contra gordura? Contra calorias? Contra doces e outras delicias ? Esquece tudo. Até a pobreza do frango, cantado e decantado pela magreza dos seus índices calóricos, por lá vem acompanhado de caldos, onde se vê uma natinha de banha boiando, que o transforma em uma delicia inimaginável.

Afora o leitãozinho a pururuca. Afora as dezenas de pães de queijo, de controle impossível. Afora o feijão, que por lá recebe o nome de tutu, devidamente enfarinhado e bem acompanhado com nacos fartos de lingüiça pura de porco.

O tão famoso queijo de Minas não é tão famoso por acaso. Dizem que por aquelas bandas, principalmente as regiões do triângulo mineiro, o capim tem uma proteína diferente e é exatamente essa proteina que permite a textura integra dessa delicia fabricada por lá. O resto é pura borracha.

E pior: servem o queijo em sanduiche recheado de goiabada, que recebe o nome de Romeu e Julieta.

Minas é Brasil e portanto é linda naturalmente. Milhares de maravilhas naturais espalhadas por toda sua grandeza. E, pra terminar a chaleiragem, é um dos maiores e mais bem cuidados sítios da história do Brasil.

Mas, se você não gostar de nada disso, ainda assim vá. Vá pelo mineiro. Vá pela mineirice ou mineiridade. Vá por um povo inteligentíssimo, que faz questão de parecer meio songo mongo e pegar incautos como eu, com histórias fantásticas contadas como verdades plenamente críveis.

O mineiro é antes de tudo um calmo. Matreiro e silencioso. Sempre em cima do muro. Alheio a fofocas. Parece ter nascido bloqueado quando o assunto é falar mal da vida alheia.

Mas é amigo confiável quando é amigo. E inimigo perigoso quando é inimigo.

Uma dessas histórias, com agá mesmo, por que acredito ser verdadeira, eu ouvi de um velhinho mineiro, que conversava com todo mundo sem encarar ninguém nos olhos. Quando falava abaixava a cabeça ou dirigia o olhar pra outra banda.

Estava eu empenhado em conhecer as maravilhas de um roteiro turístico das Minas Gerais, intitulado de Cidades Históricas. Nele, as belezas são tantas, que é preciso bem mais engenho e arte para descrevê-las do que as pequenas possibilidades disponibilizadas por este escriba.

O melhor é ir mesmo. Ver os profetas de pedra sabão ainda olhando para o futuro, como se buscassem novas profecias. Ao ar livre, frente a uma igreja aparentemente comum, mas suntuosa e totalmente dourada por dentro. Deus é rico e portanto merece a homenagem.

Depois de viajar de Maria Fumaça entre S. João Del Rey e Tiradentes, visitar Ouro Preto e seu majestoso paço municipal e comer, comer e comer, aportei em congonhas.

O show que Aleijadinho deixou naquele município mineiro haverá de ficar em cartaz por toda a eternidade. E, em um dos seus atos, abre-se as cortinas da Paixão de Cristo, construída cena por cena em capelinhas espalhadas por um terreno onde se caminha curvado, sentindo o peso da história nas costas.

O respeito é imposto. A história nos cerca por todos os lados, impondo um silêncio impossível de ser quebrado.

Todas as passagens da Paixão estão lá, em esculturas de tamanho um pouco maior que o real, cuja arte conseguiu expor a dramaticidade que só o toque da genialidade consegue manifestar.

Pois em uma dessas passagens, Cristo sofre com uma chicotada de um soldado romano que é visto com o reio na mão ( infelizmente não achei uma foto ilustrativa da cena). Fica claro que ele acabara de lanhar a costa de Jesus . Dá até pra ver os músculos rígidos de quem se contorce em dores.

Pois eu percebi algo estranho na cena. Havia um buraco na cabeça do romano. Eu não entendi aquilo, até porque o furo trespassava a cabeça do solado pegando exatamente na têmpora do pobre militar.

Foi aí que minha curiosidade exigiu uma resposta do guia turístico. Um velhinho bonachão que parecia ter decorado todas as falas que despejava sobre os nossos ouvidos.

A resposta veio na hora:
“ ...uai sô! Eles diz – mineiro nunca conta nada na primeira pessoa – que foi um fazenderão nervoso que feizi uma visita aqui. Quando o sujeito viu esse marvado aí com o chicote na mão e Jisuis caído, deu pra berrar palavrões vindos do diabo. Fi dua égua. Cachorro safado. Pruquê tu não bate em ômi marvado qui nem eu seu covardo? “

“...eles diz tumbem” – continuou o mineirinho – que o ômi danou a andar daqui pra lá, de lá pra cá, de cá pra lá e viuce veusa...e foi ficando nervoso, nervoso, nervoso...até que supitou.

“...rancou o 38 da cintura e não teve piedade não sinhô...meteu um tiro na cabeça desse fi de puta”.

Se é verdade ou não eu não sei. Mas que eu ouvi, ouvi.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

RICARDÃO

Eu era muito novinho quando um Ricardão apareceu na minha vida. E apareceu sem mais nem menos, devidamente apresentado por um amigo da onça, em um dos butecos desta vida.

De cara eu senti que algo não estava funcionando bem no equipamento chamado Odete, que sempre obedecia fielmente aos meus comandos. Um avião de carne e osso cumpridora e seguidora, sem discussões, das minhas ordens.

Odete tinha comandos suaves. Um objeto sexual de altíssima tecnologia, submisso e programado para ouvir os decretos vocais que eu dava, e se submeter de imediato a todos eles.

Bastava um simples “vamos pra casa” e pronto. A festa acabava na hora. O equipamento se recompunha, pegava sua bolsa, despedia dos amigos e já ia se levantando da mesa, sem antes me dar um beijinho no rosto, para exibir a posse do comandante pra todas as suas amigas.

Da minha parte eram só as ordens. Algumas bem de manhãzinha em forma de pergunta: já fez o café? A resposta era doce: já sim amor, ta na mesa. Aí meu “desejo” ainda se deitava do meu lado e começava um “esfrega- esfrega” matutino, para aproveitar o conhecido tesão do mijo.

Não me lembro das desnecessidades de palavras amorosas ditas pela minha boca. Nem precisava. Eu sempre pensei que aquela “ coisa” composta de dois seios, duas bundas e um buraquinho molhado estivesse totalmente apaixonada. E mulheres apaixonadas adoram homens duros que as tratem de forma rígida e máscula.

Tudo isso até o aparecimento do Ricardão.

Nosso primeiro encontro no Chalé das Torres - a muvuca da moda por estas bandas - o chaleirismo e a babaovagem foram insurportáveis. Eramos eu, Odete, o Pedro- o tal do amigo da onça – e ele.

O cabra era estranho. Elogios não faltavam. Fincava pedaços do filé com queijo e repassava pra ela. Querida e amor, eram palavras que saiam a todo momento da boca do fidequenga.

Imaginem que, em certo momento, o sujeito esquisito chegou a limpar um pedacinho de queijo que caiu na roupa da moça e, antes de fazê-lo, ainda pediu licença.

Servia a bebida pra ela. Estava sempre sorrindo. Tinha assunto pra não parar mais. Dava conselhos. Ouvia cheio de atenções. Vixe. Foi um inferno.

Pela primeira vez Odete se recusou a ir embora. Delicadamente me disse: “...ah nãooo...ta tão gostoso...vamos ficar mais um pouquinho tá?

Eu quase desmoronei. O manche do avião parecia ter fugido do meu controle.

Daí em diante o desastre foi inevitável. Os motores do relacionamento pareciam em pane. Os profundores viravam ao contrário. Nem o trem de pouso quis baixar direito.

Meu avião passou a não querer voar comigo. Estranhamente arranjou indisposições, viroses e dores de cabeça. Até que, finalmente, terminamos.

O novo piloto era o Ricardão. Noticias posteriores davam conta de que ele usara minha máquina apenas por uns quinze dias. Depois ele a abandonou em alguma pista sem homologação neste grande aeroporto que é a vida.

Daí foi que eu descobri coisas interessantíssimas. Odete era uma mulher. Tinha um corpo lindo e a alma mais bonita deste mundo.

Mas a bestagem não ficou só nisso. Cometi outro erro. Ela implorou meu perdão, e o machismo que por esse tempo me atormentava, não perdoou definitivamente.

E assim ficamos os três. Ele com a felicidade de ter ido aos céus com Odete. Ela com a sensação de ter conhecido um verdadeiro gentleman. Eu, com a lição mais dolorosa que alguém pode receber e pagando com um sofrimento que durou ainda uns dois anos.

A partir daí tive a certeza que, dada à sofisticação do contexto feminino, todo homem antes de namorar devia fazer um curso.


Eu estava perdidamente apaixonado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

POEMA BÊBADO


Desculpe as incertezas destas linhas
Pois poeta não define, imagina.
E enxerga vinho onde existem vinhas
E a liberdade no que avoa e trina

O poeta vê o que su’alma sente
Como um anjo nas agruras de um inferno.
Pensa transformar um beijo displicente,
Na desilusão e dor de um amor eterno

Toda certeza respira o pobre asceta
Que caminha pela luz e só começa
Onde a pobreza da visão divisa

A poesia não. Sucumbe, cai, tropeça
Sem ver a pedra que o olhar avisa.
É bêbada a tal essência do poeta.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A VOLTA

Eu sendo um vivo iludido
Apenas sonhando os sonhos,
Iguais a todos os sonhos...

Como se fosse um traído
Pelo machado no lenho,
Que é feito do mesmo lenho...

Como se fosse esquecido
Qual gota longe do rio
E água do mesmo rio...

Assim como abandonado
Penando a dor dos sofridos
Tal como todo sofrido...

Igualmente ao rebelado
Grão avoando sozinho
Do deserto, deserdado...

Quero voltar aos meus lares,
Quero voltar aos meus pares,
Só desconheço o caminho.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A NOSSA FELIZ BAGUNÇOCRACIA


Podemos não ser o maior País do mundo, mas, sem dúvida nenhuma, somos o mais criativo.

Não ainda. Mas isso é uma questão de meses, de acordo com análises sérias feitas pelo Le Monde e por toda a mídia internacional.Principalmente a dos países que têm polpudos negócios com o Brasil.

Nesse passo, penso que até outubro deste ano já estaremos bem próximos disso.E isso se deve a alguns fatores visíveis e perfeitamente detectáveis.

Em primeiro lugar vem o fato de sermos socialistas, mesmo internados nas agruras do capitalismo selvagem e desumano.

Eu, por exemplo, que devia ter 40% a mais de todo o meu patrimônio, - mais curto que coice de porco – vivo a mais extenuante alegria em ser um fiel socialista, chamado de contribuinte pela Receita Federal, para não despertar a ira dos militares.

Toda vez que compro um kg de arroz, por exemplo, estou contribuindo com aproximadamente 400 g, em dinheiro vivo pra alimentar os mais necessitados que eu.

E isso não é só no arroz não senhor. É em tudo. Bastou eu tirar alguns reais do bolso, seja pro que for, e minha contribuição estará garantida.

Eu até não me incomodo muito com isso. Porque sei que com essas “contribuições” estou comprando um pouco de felicidade e qualidade de vida.

Ando pelas ruas sossegado, ciente de que vivo num país seguro. Posso sofrer um piripac a qualquer momento que, em segundos, serei atendido por médicos altamente especializados e levado para um hospital onde serei tratado com dignidade e respeito.

Fico feliz com a ajuda desse meu pequeno dinheirinho, que, - contando com INSS, imposto de renda e outras maravilhas da criatividade brasileira - ultrapassam a casa dos 50% do que ganho.

Assim estarei remunerando condignamente os professores das escolas públicas, reformando seus próprios e proporcionando aos meus filhos uma educação primorosa, de fazer inveja a qualquer demoracia capitalista.

Com o socialismo moderno do meu País eu penso que sempre estarei contribuindo para manter as cidades limpas, com policiais educados pelas ruas,- muito bem pagos para não se deixarem corromper com facilidade - e outras imensas felicidades.

Por aqui, neste meu tão original País, termos como esquerda e direita não existem. Eu que sempre pertenci à direita democrática, posso muito bem saltar pra esquerda socialista sem que haja qualquer alteração no entendimento de todos.

E mais. Se alguém chama alguém de esquerdista, com sentido pejorativo e apenas pra ofender, basta o ofendido dar um pulinho e pronto. Ele vai estar no centro e imediatamente livre de qualquer acusação imprópria.

A criatividade é tanta que as vezes, os apoiadores do nosso imperador do marketing, são pegos de surpresa quando alguém diz que está sendo implantado o socialismo no Brasil.

A defesa é imediata. E vem acompanhada de raciocínios lógicos como “ ... a verdade é que estamos implantando práticas socialistas dentro do capitalismo, porque as idéias socialistas, no seu todo, são inviáveis”.

Assim lá vamos nós misturando tudo. Criando uma nova fase da história que brevemente poderá ser denonimada de pós-ideológica.

O non sense geral, onde a vagabundagem corrupta se une à honestidade de uma esquerda impoluta e ambos alardeiam seus feitos em prol de toda a humanidade.

Eu por exemplo nem sei mais o que sou. E nem quero saber. Talvez seja apenas um neobobo capitalista, ou reacionário anti-comunista, ou mesmo um legalista indisposto com seu País entregue em mãos de ratazanas.

Não importa.

O que eu sei é que o melhor lugar do mundo é aqui e agora – como já disse um ex ministro mucholoko.

Uma país que cria uma novidade neste planetinha: a bagunça as vezes se presta pra por ordem nas coisas.

Ninguém é de ninguém e cada um que cuide de si, antes que o morro desbarranque.

Porque depois poderemos estar ocupados frente às câmeras das desgraças de terceiros.

Um viva à bagunçocracia Nacional!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

AS CELULITES DA DILMA


Sabem o que é melhor numa eleição no subdesenvolvimento emergente? Pois eu sei!

O melhor dessa imensa festa democrática tem vários nomes.

Uns chamam de baixaria, outros de emboança, desmantelo, pegapacapá, fofocas, intrigas e outras denominações inumeráveis.

Quem ta com o jegue amarrado no tronco do poder, descansando no top da montanha de dinheiro e mamando nas tetas da boa vida, vai ter um trabalhão danado pra se livrar das picaduras dos marimbondos de fogo.

Enxames de descontentes que hoje já afiam seus ferrões e armazenam venenos muito mais poderosos do que os usados em tempos de paz.

E desta vez não vai ter moleza não. A carniça possível ainda não é do conhecimento geral dos que não têm vivência íntima com a podridão pública, mas de tempo já se deu a perceber pelo mau cheiro, nas narinas especializadas das hienas insatisfeitas com a planície.

E o ataque será ferocíssimo. E como o repasto é grande, ninguém vai se preocupar com carne de terceira.

Nada de probleminhas do seu Arruda, safadezazinhas nepotistas, ou viagens em céu de brigadeiro com passagens financiadas com dinheiro público.

A agressividade dos leões, - já cansados do isolamento mantido a ferro e fogo pelos “proprietários” do poder no Brasil, apascentando ovelhinhas votantes com grama de qualidade duvidosa – será terrível.

E vai se voltar para nacos mais saborosos. E como tem filé pra ser mordido!

Um deles já deu as caras. Já está no ar a pendenga paladina e justiceira contra os malfeitos revolucionários de 64. A nossa revoluçãozinha totalmente desnecessária, cujos inimigos “comunistas” eram uma meia dúzia de gatos pingados espalhados aqui e ali, romanticamente imbuídos de belas e antigas idéias marxistas, que a história mostrou ineficazes.
No fundo,- exatamente no fundinho, onde quase sempre se esconde a verdade que não vem à tona, - tudo não passou da manutenção do status quo de uma classe econômica que morria de medo de dividir seu rico dinheirinho, mas não atentava para o monstro que poderia ser criado com isso. Monstro que hoje nos devora implacavelmente.

A farsa da revolução só se prestou mesmo pra gerar possibilidades imensas de novas safadezas.

Um movimento de propósitos pequenos, mas de crueldade sem tamanho e com rastro maléfico, que mais dia menos dia teria que ser seguido para vir à superfície.

Eu paro por aqui nesse tema. Assumo a minha incapacidade de analisar, ou justificar, ou opinar sobre a matança e dos possíveis crimes cometidos pelos dois lados da beligerância.

Só posso dizer que para mim, e apenas no meu entender, matar um ser humano,sobre qualquer pretexto, razão ou circunstância, é sempre um sapo imenso que não desce pela minha sensível garganta, sem provocar engulhos causados pela nojentice humana.

Como eu dizia, os buracos que a artilharia dos descontentes vai abrir na fossa do merdeiro, haverão de dar um trabalhão danado para serem tapados. Se é que o serão.

E os petardos serão de grosso calibre. Alvo é o que não falta.

E, com as devidas desculpas pelo abuso retórico, a mim me bastaria as celulites da Dilma.

Pronto.

Tirando a chatice, a neurastenia, a semgraceira e a incompetencia, só isso já seria o suficiente pra não votar nela.

(foto meramente ilustrativa)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O MEU HAITI

Nada mais apavorante do que notícias dessas a nos pegar em total surpresa de uma hora pra outra. Sustos imensos, como quedas de aviões, furacões ou essa verdadeira tragédia que se abateu sobre o Haiti.

A sensação que fica é a da pequenez, da impotência e da fragilidade que somos, enquanto humanos.

A dor é tão grande, que eu me recuso a pensar no sofrimento daquela gente, que dormiu um nos braços da família e acordou com a perda de seus entes queridos e, as vezes, machucada e em plena solidão desamparada.

A dor é maior ainda em se tratando de um País tão sofrido como o Haiti.

Não bastassem as convulsões internas, as dificuldades extremas, os altíssimos índices de analfabetismo, fome, desemprego e outros inúmeros problemas, o mundo, de uma hora pra outra, resolve desabar sob os pés daquele povo.

E o que mais impressiona é o número impressionante da conta, ainda não fechada, da mortandade e dos feridos. Noticias, ainda não oficiais, informam mais de cem mil mortos, não computados os feridos.

Tudo em meio ao caos de cidades quase destruídas e sem a possibilidade de amparar dignamente os prejuízos do desatre.

Estou solidário com aquele povo. E vou participar dentro do meus poucos recursos.
Até porque eu talvez viva em um Haiti também bastante sofrido.

No meu Haiti nós morremos na razão de setenta mil pessoas por ano em acidentes de automóveis.

Nele, perdemos a vida aos milhares por violência, por drogas, por desamparo e pasmem, meus queridos Haitianos, até por diarréia.

Outros e outros morrem por problemas de saúde, agonizando em um sistema arcaico de assistência médica, que não consegue sensibilizar nossos políticos.

No meu Haiti o povo é lesado diuturnamente. O dinheiro dos nossos impostos, exatamente aquele que deveria voltar para todos em qualidade de vida, é tomado por políticos que nos desonram e expõem e alardeiam nossa safadeza aos quatro cantos do mundo.

No meu Haiti, que hoje é tido como potência emergente no cenário internacional, a educação forma semi-analfabetos com diplomas de segundo grau, advogados sem conhecimento jurídico, médicos incapazes e que sempre aparecem na mídia, sendo acusados de erros que nos custam a vida.

Por aqui a justiça é morosa e lenta, e de tal monta, que as vezes morremos antes de merecermos os ganhos de nossas causas.

Por aqui se rouba dinheiro de merenda escolar.

Tudo isso em meio a um custo altíssimo de nossas instituições Públicas. Bilhões e bilhões são gastos nas mais diferentes espécies de safadezas, intituladas como horas extras, apadrinhamentos, licitações ilícitas, cartões corporativos e outras pungas desavergonhadas.

E o pior de tudo é que não contamos com uma força de paz como essa que acaba de sacrificar mais de uma dezena de compatriotas.

Minhas condolências a esse sofrimento do vosso Haiti.

Contem com minha pequena ajuda.

Enquanto ficamos esperando que alguém se lembre desta nossa tão sofrida gente.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA

Se na França Lula foi considerado O Homem do Ano pelo jornal Le Monde, na Espanha a visão é totalmente diferente.

O jornal El País, em sua edição de 13/01/2010, acaba de premiá-lo com o título de maior hipócrita do ano, por sua postura perante Hugo Chavez, Ahmadineyad e Zelaya.

Leiam isto:


Lula da Silva. El presidente de Brasil ha declarado que Hugo Chávez es el mejor presidente de Venezuela en 100 años. Pero nunca hemos oído a Lula decir algo sobre las conductas autoritarias de su amigo venezolano. Sí lo hemos visto, en cambio, atacando furiosamente las recientes elecciones en Honduras. Lo hizo la misma semana que recibió con honores a Mahmud Ahmadineyad, cuya victoria electoral también es cuestionada. ¿Qué tienen las elecciones en Irán que no tuvieron las de Honduras? Un enorme fraude, muertes, torturas y la brutal represión ordenada por el Gobierno de Ahmadineyad. El afable líder brasileño aún no parece haberse enterado.

Obviamente, en esta lista de hipócritas no están todos los que merecerían estar. Faltan muchos. Envíeme sus sugerencias a mnaim@elpais.es. Vuelvo en enero. ¡Feliz
año!

A integra pode ser lida no link http://www.elpais.com/articulo/internacional/hipocritas/2009/elpepiint/20091220elpepiint_7/Tes

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

TEMPO É DINHEIRO.

Quem assistiu o ultimo programa livre da Band deve ter ficado “bege”, como diz a rapeize alegre e colorida da baitolagem Nacional.

Um certo gordinho Brasileiro, com a calma dos que não roubaram dinheiro público e altamente especializado nas “estranjas” em assuntos do clima no mundo, andou botando a boca no trombone contra alguns mitos próprios dos tempos modernos.

A heresia é tamanha, que, sendo verdade, coloca a humanidade inteira no meio de mais um engodo, cuja única meta é alcançar objetivos econômicos claros e definidos.

Esse verdadeiro Galileu do Brasil, insiste em demonstrar que o sistema planetário da burrice humana, não gira em torno da idiotice que se imagina ser as pétreas leis que regem todo o universo.

O “abusado” em questão, começa dizendo que ao contrário do que se pensa, o planetinha chamado terra não anda se aquecendo coisíssima nenhuma. E que, muito ao contrário disso, caminha calmamente para uma nova era glacial.

E não ficou só enrolando lero não. Matou a cobra e mostrou o pau. E eu ouçei com estes zóvidos que um dia a terra há de comer, que pesquisas na geladeira Antártica mostram um crescimento negativo da temperatura no pólo norte e no pólo sul.

E disse mais. Contestou que a terra anda em processo de aquecimento e que o malfadado aumento da “quentura” do mundo se deve unicamente a instrumentos de medição instalados em perímetros urbanos.

E isso faz total sentido. S. Paulo, por exemplo, com quase duas dezenas de milhões de almas morando pregadinhas umas nas outras, com uma massa asfáltica capaz de dar voltas na terra e ainda totalmente coberta de concreto, jamais poderia contar com a mesma temperatura ambiente de Campos do Jordão.

E o “mucholoko” não parou por aí não. Meteu a bengala na emboança do carbono. Disse que o carbono emitido por toda a humanidade, não tem influência nenhumíssima sobre o clima na terra.

E pra estarrecer geral, deixou bem claro que o carbono é fonte de vida e não esse vilão que a guerra econômica internacional anda condenando.

Mas o grande “cala a boca” do gordinho, foi dizer que Copenhagem não passou de uma discussão econômica e que, por lá, ciência mesmo que é bom, nequinha de pitibiriba.
Mas eu fiquei mesmo com a orelha atrás da pulga foi quando ele justificou cientificamente suas teorias.

Juntando o “a”com o “b” dos dados de pesquisas centenárias, o nosso contestador afirmou com todas as letras: ”... a temperatura da terra está muito mais sob o comando de ciclos de aquecimento e esfriamento solares, do que propriamente do besteirol armado em torno de emissões de carbono e outras estultices”.
Eu adorei. Até porque eu tenho a mania de acreditar em todo mundo que possa ser contra qualquer coisa.

E estou a espera de alguém que diga com todas as letras que os seres humanos não são iguais.

Porque não são mesmo.

E mudando de pau pra cacete, uma negra - só pra exemplificar - tem o couro que cobre as carnes muito mais grosso, o que é um bloqueio fantástico para as celulites que tanto enfeiam as brancas. E essa é uma maravilhosa diferença.

O resultado disso são as coxas macias da mulata assanhada que passa danada, fazendo pirraça, fingindo inocente e tirando o sossego da gente, nas escolas de samba.

Voltemos ao pau.

Pois eu acredito no gordinho.

E não tenho dúvidas em achar – como ele – que o aquecimento é mil vezes melhor que o esfriamento da terra.

Imaginem um nordeste sem calor? O Rio de Janeiro com temperaturazinha de terra fresca? Eu Hein?

E acredito também que o chororô dos países emergentes, não passa de um pedido velado de uma graninha a mais, sempre bem vinda.

E que o Negão lá do norte ta sabendo que existem muito mais coisas entre as enchentes de S.Paulo e do estados sulistas, e do aumento da temperatura global, e do crescimento dos oceanos, do que imagina a nossa vã filosofia.

E como por lá os investimentos em ciência são maiores, ele deve estar muito bem informado que todo esse “conversê” não passa de lágrima de crocodilo, em vista da eterna crocodilagem que os “emergentes” ainda subdesenvolvidos, sempre alardeiam às quatro estações climáticas.

Por isso disse um não.

E até porque ele não deve ter interesse nenhum em desenvolvimento alheio.
E entonces, deseja abertamente que a falta de embasamento das politicalhazinhas fajutas e Chavinista, Lulistas ou Bolivarianas, se lasque.

E é aquela velha história: ...quem pode mais, chora menos.

Antigamente tempo perdido (aquele marcado no relógio) era dinheiro perdido. Hoje o tempo ( no entendimento do contexto climático) é um verdadeiro achado. E com potencial pra ser transformado em dinheiro, rapidamente.

E vamos lá, nesse “se colar, colou”.

P.S. : quase me esqueço. O nome do cabra é Luiz Carlos Molion.

domingo, 27 de dezembro de 2009

O MORAL DA IMORALIDADE

Na maioria das vezes, os defensores do mais novo paladino da justiça social, - já reconhecido internacionalmente como o Robin Hood da Amazônia, por suas luta incansável em prol da qualidade de vida de quarenta milhões de votos espalhados por este Brasil afora – pensam que todos os seus contrários o são porque não concordam política ou ideologicamente com ele.

Ledíssimo engano. Essa de ideologia e política só serve mesmo é pra quem apóia a imoralidade vigente. Gente que vive ou já viveu às expensas do erário público e que não cansa de carrear a merda existente no chiqueiro da safadeza, pro imenso digestor de teorias sociológicas totalmente indefinidas.

A intenção é a de anular o budum fétido que sai da fossa em que foram transformados todos os poderes do Brasil.

E é exatamente aí que está o golpe.

Ladroagem, corrupção, bandalheira e tudo quanto é safadeza descarada, vão sendo jogadas na conta da ideologia , onde entram por um lado como massa sangrenta de carne de porco, pra sair do outro como lingüiça pronta pro consumo.

E o pior é que o povo só vê o produto final, porque a merda, a lavagem e a sujeira com que o animal foi alimentado, jamais vão aparecer na embalagem.

Pois sim.

Uma pequena viagem pelo mundo imenso dos formadores de opiniões - que deixam seus textos pelas revistas, jornais, blogs e sites que não foram comprados com o dinheirinho suado dos meus impostos, - é suficiente. Só isso basta pra deixar claro que nenhum deles está muito ligado nessa história de ideologismos ou de política no sentido lato da palavra.

Do que todos eles falam é da lavagem e não da lingüiça. Todos se voltam pra política no sentido restrito do termo.

Porque nas terras Brasílicas até a língua pátria precisa ser manipulada e as palavras que antes tinham um significado passam a ter outro, para também se submeter às vontades escusas dos nossos novos tempos.

Assim, política, que antigamente significava sistema de governo ou habilidade de conduzir e aprovar idéias, ganha um novo conceito e passa a ser traduzida como o “jeitinho brasileiro” de comprar opiniões, calar a boca, quadrilhar pelegos e mil outras mumunhas teudas e manteudas com os cofres da viúva.

E tudo isso a peso de ouro. Mordaças reluzentes e douradas coladas sobre a boca da cafajestice, pra não deixar à mostra o sorriso de escárnio, vindo da felicidade dos que só pensam em ambições, poder e dinheiro.

Na verdade, e a bem da verdade, eu sou um dos que nunca falaram de política no sentido lato da palavra. Tudo o que escrevi a respeito da putaria na qual vivemos, diz respeito muito mais à nojentice do bordel com seus maus cheiros etílicos e de xerecas e picas mal lavadas.

Se falei de política foi a política dessa nossa conhecida Lei de Gerson, que significa levar vantagem em tudo.

Porque política mesmo é outra coisa. O bom político é antes de tudo um bom vendedor. É o que, com argumentos embasados, consegue convencer os seus contrários. É aquele induz adversários a repensar velhos conceitos e admitir o momento do novo.

Mas por aqui o que temos são compradores. E que negociam com dinheiro dos
outros.

Compram movimentos sociais, como o famigerado MST. Compram movimentos estudantis que já não dão as caras desde os dois Fernandos. Compram opiniões favoráveis do povo. Compram Deputados e Senadores. Compram a justiça. Compram a imprensa e quem quer que seja que resolva peitá-los de frente
.
A mim não compram. E enquanto eu puder vou estar por este mundão afora falando dessa politiquinha minúscula que na verdade não passa de barganha, de aquisição de fantoches pra esse imenso teatro de bonecos manipulados por um suposto líder e seu partido.

O problema é o enredo desse teatro de sordidez. Uma tentativa suja de lavar sua própria sujeira apenas perante o olhar mal informado do analfabetismo e da miséria existente. E o povo assiste e aplaude, na maioria das vezes sem saber que é o financiador desse mamulengo ridículo e fora de propósito.

Viva o Brasil! Um viva à vitória aparente dos defensores do moral da imoralidade.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

NÓS, POR NÓS.


A dor se amormaça silente
E toda vida sente essa presença.
A dor que se transmuda,
Como uma flor que nasce na imundice,
Escondida na própria esquisitice
De nós, seus estranhos jardineiros.

A dor precisa estar velada.
Não deve se mostrar safadamente,
Qual a felicidade: a puta mais safada
A conviver conosco ultimamente.

Um dia a flor libertária do degredo,
Transporá gloriosa a tal divisa,
Que separa os desvividos desta vida,
- Sem nós, sem enlaces, sem saída -
Da outra parte que redige o enredo.

E entre a vida e a morte na batalha,
Aflorarão todos os segredos,
E ao perdedor será dada u’a mortalha,
Que exporá a nojenta genitália,
De onde foi gerada essa cegueira.
A cruz, a escuridão, e a canalha,
O fel, o mal, a mente insana,
O medo, o sal, e a decandência humana.
Ou a degenerescência desumana.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

FRASES


QUANTO

MAIS PERFEITA

É A FANTASIA

DE CORDEIRO,

MAIS PROFISSIONAL

É O LOBO.

sábado, 12 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

Eu tenho várias manias na vida, umas explicáveis e outras nem tanto.

Uma das inexplicáveis é a de passar o natal absolutamente sozinho. Não participo de festas familiares, peço a todos para que não me dêem presentes porque eu tambem não os dou.

Não pensem que isso se dá por qualquer frescuras do tipo natal é mercantilismo ou festa midiática ou outras besteiras.

Gosto apenas do meu retiro particular, quando faço um balança de tudo o que fiz de bem e tambem dos males que propositalmente ou inocentemente eu possa ter feito para outras pessoas.

Na ocasião, aproveito para pensar um pouco no aniversariante e pedir que as forças responsáveis pela paz e bem aventurança, caiam sobre toda as almas do mundo para que possamos recriar e repensar a porcaria que conseguimos fazer deste planetinha boboca perante a imensidão de tudo

Uso a oportunidade para mandar uma mensagem de Alanis para que tenhamos um tempinho, pequeno que seja, para pensarmos juntos sobre o que ainda é possivel fazer.

Vai aqui meu abraço a todos, e o desejo de que comemoremos a fraternidade cristã com parcimônia e sem excessos.

Quero meus amigos vivos em 2010.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

TANTO FEZ E TANTO FAZ

Não vos preocupeis com a vossa gana
Que transforma em monstros os ideais,
Ou vossas vandalices desumanas.

Tanto fez a permanência tanto fez
Tanto faz a dissidência tanto faz

Descobri o frio, roubai os cobertores,
Ri da fome e dos pálidos horrores,
Da vontade inadiável de viver.

Tanto fez a onipotência, tanto fez]
Tanto faz a onimpotência, tanto faz

Gritai em altos berros vosso mando!
Matai, sacrificai, atordoai...
Voai por cima da miséria humana!
Escarnecei do olhar tristes dos meninos,
Que vêem tudo negro no lá longe.

Tanto fez a sapiência, tanto fez
Tanto faz a ignorância, tanto faz

Que mesmo em ser maior que qualquer homem
Não pairará sobre vós qualquer piedade,
E tanto faz os que comem e os que não comem.

Tanto fez a riqueza tanto fez
Tanto faz a miséria tanto faz

Virá um dia, com júbilo, a certeza
Que vossos braços não serão mais tesos,
Que vossos olhos não verão mais luzes,
Nem mais calor de uma mulher, terás.

Tanto fez a opulência, tanto fez.
Tanto faz a decadência, tanto faz.

Morrerás. Apodrecerás.Desaparecerás.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ATT. : REVOLUCIONARIOS E TERRORISTAS INTERNACIONAIS


C O N V I T E

O Brasil, um Pais da America do sul e considerado hoje entre as maiores economias do mundo, tem a honra de convidar todos os idealistas e revolucionários do mundo, aqui inclusas as categorias de assassinos, incendiários, demolidores, estupradores, assaltantes , seqüestradores ou quaisquer outras atuações correlatas, feitas em nome de um ideal político ou religioso, para aqui se refugiarem na digna categoria de exilado político.

O Brasil oferece assistência médico-hospitalar sem ônus, alimentação e ainda apoio incondicional do seu alto staff político, com direito inclusive a visitas na cadeia, caso esta seja uma medida necessária para a preservação da integridade física dos que por aqui pedirem refugio.

Oferece também vagas em embaixadas, onde em total segurança, as lutas revolucionárias poderão ter continuidade sem oposições ou risco.

Os interessados poderão vir imediatamente e viver por aqui na clandestinidade, até serem localizados e depois poderão aguardar com tranqüilidade os trâmites legais dos seus respectivos processos.

Dá-se preferência aos que trouxerem apresentações Venezuelanas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

RETALIÃO


Como pode a liberdade enclausurada?
E o belo vivendo o desencanto?
E o porvir viver em contentamento,
Com essas pedras no caminho?
A mão estende o tapete
E o puxa de repente
Jogando sorrisos ao chão?

Ando rindo das quantificações do mundo
Dessas ampulhetas sem o tempo dentro
Do anacrônico voltar dentro do tempo
Revestindo o passado velho e imundo
Renascendo o que há muito já é morto

Mas não se iludam senhores
Se agarrem aos seus pavores
Haverão gritos terríveis
E sofrimentos horríveis.
A humilhação vos espera

Com a mesma costa lanhada
A mesma boca travada
E o castigo superno
De muito maior inferno
Que a vossa praga, nos dada.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

POEMÍNIMO


Ausente
Pensando
Carente
Sofrendo

Dolente
Clamando
Doente
Chorando

Silente
Sentindo
Doendo

Descrente
Penando
morrendo

domingo, 15 de novembro de 2009

MORDAÇA


O episódio Adriana Vandoni não é nada mais nada menos do que uma extremada burrice política. É como se colocar apenas uma rolha no imenso volume de indignações represadas e que já vasa diuturnamente por milhares de outros furos. Uma tentativa de intervir em algo que já se encontra fora de qualquer controle e que é o inquantificável universo de blogs e sites da internet e que eu chamo de mosca na sopa, como bem o disse Raulzito.

E é por aí que o tiro sempre sai pela culatra. Existe nesse meio uma espécie de pacto branco, em que qualquer ação de proibição equivale a milhares de outras maiores e contrárias.

A conseqüência dessa estranha “censura” já desandou uma revolta na blogsfera do Brasil inteiro. Se antes era só a Vandoni e mais uma meia dúzia de gato pingados a falar a verdade e nada mais que a verdade sobre a enojante sujeira que envolve a Assembléia de Mato Grosso, hoje são milhares a espalhar a noticia. Se não tudo o que é merecido, pelo menos, e no mínimo esse espantoso “calaboca”, disparado covardemente contra a postura corajosa de uma blogueira, que nada mais fez que destampar uma das fossas do merdeiro e da fedentina que envolve todas as instâncias políticas do Brasil.

E a ordem é clara e soa de forma irritante: Cale a boca Vandoni!

Isso dói. Machuca. Corrói princípios. Desnorteia o senso de liberdade. Corrompe as diretrizes primárias da livre manifestação. Impõe silêncio sobre informações que precisam ser repassadas, para que não caiamos mais nessas arapucas armadas pelo poder econômico.

Cale a boca Vandoni ! Será que não é possível ver que cento e poucos processos por falcatruas de todas as espécies, ainda não são motivos suficientes para incriminar quem quer que seja ou chamar alguém de desonesto?

Cale a boca Vandoni! O povo não pode saber disso, sob pena de atrapalhar a permanência dessa Excelência , como mais um dos eternos ocupantes das enojantes Assembléias Legislativas do Brasil inteiro.

Cale a boca Vandoni! A justiça não pode permitir que apenas as provas levantadas pelo Ministério Público, sobre safadezas que envolvem milhões e milhões de reais, até com cheques descontados por um dos maiores demônios que esta terra já pariu e hoje presidiário, sirvam de munição para perfurar a honestidade e a postura honesta de um Presidente de Assembléia.

Cale a boca Vandoni! Mas não fuja da luta. A própria história haverá de desatar essa mordaça e nós estaremos juntos aplaudindo a desmoralização pública de todos aqueles que se atrevem a fazer o povo brasileiro de idiota.

Cale a boca Vandoni! Você começou tudo. O resto fica com a gente. E ninguém vai descansar enquanto não jogar essa merda por todos os ventiladores do Brasil e do mundo, pra que não reste dúvidas a respeito da culpa e que tudo volte aos seus devidos lugares.

Cale a boca Vandoni! Chico Buarque, - em seu Hino à Repressão - diz por você tudo o que se encontra entalado na garganta de todos : “... se definitivamente a sociedade só te tem desprezo e horror/E mesmo nas galeras és nocivo, és um estorvo, és um tumor/Que Deus te proteja /És preso comum/ Na cela faltava esse um”

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

BÊBADO É FODA...


Outro dia aconteceu uma dessas sextas feiras totalmente vazias. A namorada numero 1 - a quem eu dedico muita fidelidade - precisou viajar por problemas de doença em família. A numero 2 merecedora de pouca ou quase nenhuma , acho que estava com preguiça de eu. Notei pela voz . E a numero 3, bem ao nível de uma ficante, deve ter resolvido me cornear por aí.

Pronto. Lascô-se. Tv nem pensar.Depressivo demais. E, além da chatice, eu mexo tanto no controle remoto que o pobre coitado ficou doidinho da cabeça. Eu teclo o canal 6 e ele pula pro 58, no 7 um salto pro 96. Tive que prestar uma atenção danada até descobrir a sandice dele. Acabei conseguindo e hoje eu assisto o Jornal da Bandeirantes apertando o 29 e dando uma piscadinha rápida na tecla mute. A Globo só pega no 35, tecla mute e um beijinho.

Mas como ia dizendo, a sexta não oferecia qualquer possibilidade. E nessa indecisão, tomei um banho, comi um frio soborô do almoço e me mandei pra rua sem me importar com o destino. Afinal quem não tem pra onde ir, vai pra qualquer lugar.

Logo me veio a grande idéia de ir pro EU SE ODEIO, um barzinho que fica mais ou menos a 100m do profundo abismo do fim do mundo, mas é lugar de gente consciente e politizada, e onde não muito raramente se encontra boa conversa. Toquei pra lá e no caminho resolvi ressuscitar um velho CD do Taiguara. De cara ouvi aquela letra que dava um toque Cult à ala dos bichos grilos da década de 70 : “Eu desisto /não existe essa manhã que eu perseguia/ um lugar que me dê trégua ou me sorria/ uma gente que não viva só pra si...”

Triste idéia a de ir pro EU SE ODEIO. Em lá chegando dei de cara com a turma da língua grossa. Um povinho extremadamente do contra sobre qualquer assunto. Se alguém fala que gosta de laranja, por exemplo, o circo pega fogo na hora. Laranja faz mal por isso e aquilo. Tem gosto nenhum. Outro já vem com uma babaquice escrita no ano passado, bem no fiofó da internet, que condena radicalmente a fruta. E por aí adiante.
Pois eu cai na besteira e comecei um assunto:

___ Voces viram a última do Lula?

Nem me perguntem qual era a última porque não me lembro. Até porque todo dia tem uma. O que eu sei foi a surra que levei por ter levantado o assunto. O pau comeu. Eu virei idiota, mal informado, reacionário safado, pelego da revolução, tipinho da pior espécie, puxa saco de político e outras e muitas cacetadas. Quando eu já estava humilhado, me sentindo o resto do cocô do cavalo do bandido, resolvi me mandar do antro. Mas antes marquei bem o rosto do Pedro Boca. Não por acaso, o mais falador de todos.

Pensei em todas as argumentações para rebater a discurseira daquela cambada de pinguço e, com tudo na pontinha da língua, resolvi voltar no bar e devolver a surra praquela cambada. Fiz isso mas fiquei decepcionado. A turma não estava no bar.
Insisti no outro dia e mais um dia ainda e nada. Por fim desisti.

Um dia da outra semana, estava eu tomando o café da manhã numa padaria e quando menos espero advinha quem entra? O Pedro Boca. O poróprio. È hoje! Pensei comigo. E fui logo chamando o cabra pra sentar do meu lado.

Não dei nem tempo dele falar nada. E destampei uma verborréia enquanto ele me olhava surpreso. Falei um monte. Disse isso e aquilo e aquilo outro. Pedro ouviu tudinho, calado e sisudo sem dar uma palavra. Ao final perguntou:

___Terminou?

___Terminei sim, respondi. Tava tudo entalado aqui seu Zé buceta. E eu queria que você fosse homem e ficasse nervoso pra gente resolver isso no tapa. O que você me disse naquele dia seu cachorro, não se diz pra felá da puta nenhum.

Ele respondeu surpreso:

___Euuuuuuuu? Que o que ômi rapá! Você ta muito enganado! Odeio política! E nem freqüento roda de quem gosta de política! Nunca na minha vida esta boca se abriu pra falar dessa merda! Sai de mim....

Levantou e foi-se embora.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DO LENTO PASSAR DOS MEUS SEGUNDOS


Existe um anjo que conduz o mundo
Por vezes displicente como o acordar de uma criança
Por outras, carrasco
Aos que se atrevem em não ver
As benesses da preguiça.

Com os despreocupados o anjo é benevolente.
E acompanha docemente, os passos dados na vida.
E deita junto na rede, onde se faz poesia
E ri em toda a risada, vadio na calmaria.

Mas quando o anjo percebe,
Que alguém o acelera,
Aí o anjo exagera, a obedecer o mandante.
O ano vira um foguete, cujo passar não percebe
O pobre desesperado.
E a vida vai se minguando, como um riacho na seca.
E quando menos se espera
O anjo joga na tela e em letras grandes: The End.

Portanto tenha cuidado, com os pedidos a esse anjo.
Quem pedir mais leva menos,
Do anjo que rege a vida,
Do anjo que rege tudo,
Um anjo chamado tempo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

MEU BRASIL BRASILEIRO


2009 já no lusco-fusco, fim de ano se aproximando, 2010 já dando chutes fortes na barriga do tempo …daí pensei: porque não propor uma medalha para os bufões do ano em curso? Uma singela homenagem a todos aqueles que fizeram de conta que fizeram, disseram que não disseram o que disseram e roubaram o que disseram que não roubaram.

Institui então o PRÊMIO SAFADO DO ANO. O vencedor será o felizardo ganhador de excelentes mordomias, também pagas pelo dinheiro do povo. Estadia de 10 anos em Presídio Federal, traslado grátis, refeições gratuitas e ainda aquela sensação bucólica de vida no campo, sem celulares, sem internet e outras aporrinhações que tais.

Quis dividir o prêmio em algumas categorias, mas acabei descobrindo que para 2009 não daria. Até porque todas as premiações iriam parar em um nome só. Um político que pode ter peito pra desafiar a paciência de todos os brasileiros,apoiar comparsas petistas para o STF, fazer conluio com os maiores marginais do Brasil, incentivar movimentos fora da lei e outras e outras traquinagens, mas não o teria para caber tantas medalhas.

Nunca antes na história do Brasil alguém venceu o concurso da pilantragem em todas as categorias como esse vitorioso.

Daí mandei cunhar uma só. E hoje pubico a foto da medalha. Oportunamente informarei o nome do SAFADO DO ANO.

MEU BRASIL BRASILEIRO


Um tal de Lloid Olsen, vivente da cidade de Fruita no Colorado USA, lá pros idos de 1945 supreendeu o mundo mostrando o Mike(foto), um frango que teve a cabeça decepada pelo dono - doidinho por uma cabidelazinha humilde - e que sobreviveu durante seis meses sem o quengo.

Se Olsen fosse vivo ainda, iria ficar pasmo. Frango sem cabeça é pouco. Por aqui a gente tem ministra demiolada, deputado e senador de miolo mole e o pior: nada de franguinho xexelento. Nós temos mesmo é um jumento sem cabeça.
Eita terrinha mal assombrada, vixe!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

RÉQUIEM



Envoltos nos mistérios da palavra
E ações de opróbios muito sérios
Putrefam velhos corpos, os cemitérios,
No desmonte final que a terra lavra

Ali se igualam velhos assassinos
Homens santos, guerreiros e covardes
Que se arrependem dos seus desatinos
Ouvindo de si mesmos: __já é tarde!

“Se eu pudesse voltar eu não faria”
Dizem todos negandos os próprios feitos
Fedendo o desencarne nauseabundo

E ali inertes com as mãos nos peitos
Vêem vivos chorando de alegria
Por menos um demônio neste mundo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

SEÇÃO ESCULHAMBAÇÃO