sexta-feira, 13 de novembro de 2009

BÊBADO É FODA...


Outro dia aconteceu uma dessas sextas feiras totalmente vazias. A namorada numero 1 - a quem eu dedico muita fidelidade - precisou viajar por problemas de doença em família. A numero 2 merecedora de pouca ou quase nenhuma , acho que estava com preguiça de eu. Notei pela voz . E a numero 3, bem ao nível de uma ficante, deve ter resolvido me cornear por aí.

Pronto. Lascô-se. Tv nem pensar.Depressivo demais. E, além da chatice, eu mexo tanto no controle remoto que o pobre coitado ficou doidinho da cabeça. Eu teclo o canal 6 e ele pula pro 58, no 7 um salto pro 96. Tive que prestar uma atenção danada até descobrir a sandice dele. Acabei conseguindo e hoje eu assisto o Jornal da Bandeirantes apertando o 29 e dando uma piscadinha rápida na tecla mute. A Globo só pega no 35, tecla mute e um beijinho.

Mas como ia dizendo, a sexta não oferecia qualquer possibilidade. E nessa indecisão, tomei um banho, comi um frio soborô do almoço e me mandei pra rua sem me importar com o destino. Afinal quem não tem pra onde ir, vai pra qualquer lugar.

Logo me veio a grande idéia de ir pro EU SE ODEIO, um barzinho que fica mais ou menos a 100m do profundo abismo do fim do mundo, mas é lugar de gente consciente e politizada, e onde não muito raramente se encontra boa conversa. Toquei pra lá e no caminho resolvi ressuscitar um velho CD do Taiguara. De cara ouvi aquela letra que dava um toque Cult à ala dos bichos grilos da década de 70 : “Eu desisto /não existe essa manhã que eu perseguia/ um lugar que me dê trégua ou me sorria/ uma gente que não viva só pra si...”

Triste idéia a de ir pro EU SE ODEIO. Em lá chegando dei de cara com a turma da língua grossa. Um povinho extremadamente do contra sobre qualquer assunto. Se alguém fala que gosta de laranja, por exemplo, o circo pega fogo na hora. Laranja faz mal por isso e aquilo. Tem gosto nenhum. Outro já vem com uma babaquice escrita no ano passado, bem no fiofó da internet, que condena radicalmente a fruta. E por aí adiante.
Pois eu cai na besteira e comecei um assunto:

___ Voces viram a última do Lula?

Nem me perguntem qual era a última porque não me lembro. Até porque todo dia tem uma. O que eu sei foi a surra que levei por ter levantado o assunto. O pau comeu. Eu virei idiota, mal informado, reacionário safado, pelego da revolução, tipinho da pior espécie, puxa saco de político e outras e muitas cacetadas. Quando eu já estava humilhado, me sentindo o resto do cocô do cavalo do bandido, resolvi me mandar do antro. Mas antes marquei bem o rosto do Pedro Boca. Não por acaso, o mais falador de todos.

Pensei em todas as argumentações para rebater a discurseira daquela cambada de pinguço e, com tudo na pontinha da língua, resolvi voltar no bar e devolver a surra praquela cambada. Fiz isso mas fiquei decepcionado. A turma não estava no bar.
Insisti no outro dia e mais um dia ainda e nada. Por fim desisti.

Um dia da outra semana, estava eu tomando o café da manhã numa padaria e quando menos espero advinha quem entra? O Pedro Boca. O poróprio. È hoje! Pensei comigo. E fui logo chamando o cabra pra sentar do meu lado.

Não dei nem tempo dele falar nada. E destampei uma verborréia enquanto ele me olhava surpreso. Falei um monte. Disse isso e aquilo e aquilo outro. Pedro ouviu tudinho, calado e sisudo sem dar uma palavra. Ao final perguntou:

___Terminou?

___Terminei sim, respondi. Tava tudo entalado aqui seu Zé buceta. E eu queria que você fosse homem e ficasse nervoso pra gente resolver isso no tapa. O que você me disse naquele dia seu cachorro, não se diz pra felá da puta nenhum.

Ele respondeu surpreso:

___Euuuuuuuu? Que o que ômi rapá! Você ta muito enganado! Odeio política! E nem freqüento roda de quem gosta de política! Nunca na minha vida esta boca se abriu pra falar dessa merda! Sai de mim....

Levantou e foi-se embora.

Um comentário:

Magda disse...

Adorei, poxa, os petistas são exatamente assim, falam muito quando estão em grupo, ganham força, ficam valentes, mas sozinhos, negam tudo, são pessoas como as outras,ingulíveis.