domingo, 14 de fevereiro de 2010

QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA


Ainda na semana que passou, um fato me chamou a atenção, em virtude de algumas semelhanças que andam transformando as instituições do Brasil , em estruturas cada vez mais desacreditadas.

Quatro indivíduos foram presos por assaltar um entregador de pizza, na bonita cidade de Ariquemes, no Estado de Rondônia.

Ao que consta na notícia, não houve violência física e a ameaça para render o entregador foi feita com um pedaço de pau.

Ninguém roubou pra comercializar. E a não ser pelo assalto em si, que caracteriza sim uma violência contra o capitalismo cruel e opressor, nada mais houve que transformasse o caso em algo hediondo.

Pois os quatro esfaimados meliantes foram presos, sem vídeo gravado, sem testemunhas no local do “dá cá essa gostosura” e sem mais nada. Não houve tentativa de suborno, não houve distribuição de magotes de dinheiro e nem pedido de perdão choroso e cagado de medo, frente às câmeras.

Daí você pode perguntar o que é que tem uma coisa com a outra. Mas eu aconselho a não perguntar não. Assim você evita que a sua insuspeitável Inteligência seja colocada em dúvida, porque só mesmo sendo muito burro pra não perceber as semelhanças.

Mas eu bem que posso dar u’a mãozinha. E posso começar dizendo que o crime terminou em pizza. Segundo devo dizer que o termo merda, tão em moda hoje em dia, é a única prova existente e que poderia servir como prova material do crime, não houvesse sido cagada já a algum tempo.

A única diferença ainda não foi dita. Mesmo sob a alegação da defesa de que os meliantes apenas comeram algumas pizzas sem pagar, fato confessado pelos acusados, e também com a comprovação - nos autos - de que a quadrilha tinha profissão definida, mas se encontravam na triste contingência de desempregados, a Desembargadora não aceitou o pedido de habeas corpus e nem o relaxamento da prisão.

Isso talvez se deva ao pequeno montante do crime “inafiançável” e talvez porque os referidos “passa fomes” não tenham repartido nada com ninguém.

E assim fica provado um novo adágio popular que, como uma boa pizza, já anda de boca em boca. Ladrão, na legislação vigente, é aquele que rouba ou furta, mas não ocupa cargo público.

Os infelizes continuam em cana. E por lá devem ficar por um bom tempo.

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