quarta-feira, 17 de setembro de 2008

POR BAIXO DOS PANOS


Algum tempo atrás a criatividade sem tamanho de Luís Fernando Veríssimo fez nascer uma de das suas mais deliciosas personagens. Uma senhora já de idade que acreditava em tudo que qualquer político falasse, dentro da imensidão das mentiras que cercavam a revolução de 1964. A criatura tomou um vulto de tal envergadura que passou a apelidar todos aqueles que defendiam a ordenação militar da época. Tenho saudades da velhinha de Taubaté e do humor saboroso, que só um grande mestre das letras como o é o grande Luis Fernando, pode escrever em detalhes primorosos e em cores.

Cito a Velhinha de Taubaté apenas como referência paradoxal á minha pessoa que não acredita em nada que venha da boca dos poderes políticos. E de tal forma, que se algum dia qualquer deles pronunciar uma verdade, com provas materiais do que foi dito, mesmo assim o meu descrédito será total. Vou querer saber imediatamente as reais intenções desse posicionamento, porque, com toda a certeza, haverão interesses escusos escondidos por traz delas.

Mas não foi sempre assim. Eu já acreditei. Não no todo, mas em partes, que eu sempre considerei inatingíveis dos conchavos interesseiros e das falcatruas cotidianas que se vê espalhadas pelo legislativo, executivo e judiciário deste país. Poderes que detêm para o usufruto estranho e malversado, um volume incalculável de dinheiro, arrecadado com o suor de quem trabalham honestamente.

Não há onde se passe uma rápida vista sem que seja detectado uma safadeza, já descoberta ou ainda por vir à tona, em qualquer instância das hostes de mal intencionados que passam a negociar a vida pública como mercadoria, ou usando-a para auferir lucros de forma desavergonhada. E se antes o povo pouco sabia dessas tramóias, hoje já tem no seu moderno vocabulário termos como concorrência direcionada, nepotismo, tráfico de influência, mensalão( este ainda nem foi inserido no Aurélio), superfaturamento e outros e muitos outros.

Pois como eu dizia, eu já acreditei. E acreditei cegamente na instituição que é o corpo de bombeiros, tanto por suas heróicas atuações, quanto por o anonimato que cerca a corporação e que pra mim, sempre significa honestidade de propósitos. Eu continuo acreditando na importância desses heróis urbanos, mas hoje não totalmente. Um pouco dessa confiança veio abaixo quando eu tomei conhecimento de que no Rio de Janeiro, alguns mal intencionados estavam vendendo alvarás de funcionamento a verdadeiras pocilgas, com instalações elétricas caóticas e sem fiscalização nenhuma.
Eu já acreditei, assim como a Velhinha de Taubaté, mas a vida me fez um incréu. Uma por uma, todas as minhas crenças foram caindo por terra. A polícia, o exército, a legislatura, a administração pública, o judiciário, pouco a pouco foram acrescentados nesse meu rol de descrédito e desconfiança.

Esta semana caiu mais uma. A polícia federal que tanto me impressionou por algemar poderosos que eu considerava inatingíveis, foi a responsável por enterrar de vez minha última credibilidade. Mas, como já disse, continuo acreditando nos honestos policiais dessa corporação, mas não cegamente. Grande parte dessa confiança veio abaixo quanto chegou a mim as noticias da ultima semana. Um pouco dessa última esperança ficou enterrada nas páginas do noticiário.

E isso ainda é o que sabemos. A ponta do iceberg. Nem imagino o que anda acontecendo por baixo dos panos.

Nenhum comentário: