segunda-feira, 13 de outubro de 2008

CRISE? QUE CRISE?




Acho que eu vou cometer uma injustiça. Acontece que alguém fez uma comparação interessantíssima sobre os possíveis desdobramentos da crise internacional e o Brasil, e eu acabei esquecendo o nome do autor e até o veículo em que eu vi e ouvi a conversa. Mas prometo contar assim que a memória me der a necessária mãozinha.

Nesse programa um ilustre entrevistado disse que no Brasil uma crise desse tamanho é tão inócua, que funcionaria como as águas do rio Tietê para um jacaré paulista. O non sense é grande, mas faz sentido, principalmente com o complemento: já um jacaré nascido em um rio limpo não suportaria.

Lapidar. Não dá pra discutir. Realmente o Brasileiro é antes de tudo um forte. E já se afogou em tanto mar de lama e de dejetos, que tudo o que anda se apresentando à nossa frente, não passa de enxurrada de chuva que escorre lambendo os meios fios das calçadas, para a delicia e farra dos meninos. E quando o Presidente diz que não é nada, não é nada mesmo. E não é preciso memórias admiráveis para saber a carga que este povão inteiro já carregou nas costas.

Nossa moeda, se muito não me engano, já foi cortada em doze zeros. A tesourada vinha radical e, a princípio, aparecia nas notas com um simples carimbo que dizia claramente: esta nota de um milhão agora vale só mil. Aí a inflação vinha com a surra e transformava ela em milhão novamente. E lá vinha o carimbinho de novo. E a nossa primeira nota aí de cima que já deveria estar na casa do bilhão, passava a valer mil novamente.

Isso quando as intervenções não eram mais radicais e mudavam até o nome do dinheiro. E passamos pelo cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro novo e outras cuja a história remonta à chegada da coroa portuguesa por estas paragens.
Os milagrosos planos econômicos que assolavam o País mudavam radicalmente as regras do jogo, de forma tal que tudo o era permitido ontem, hoje seria totalmente proibido. Crédito em algumas épocas era coisa de altas classes e devidamente apadrinhada, sem isso, nadica de nada. E isso é pouco perante o contexto da nossa história econômico financeira.

Por várias vezes os preços das mercadorias foram congelados, na ilusão de acabar com a inflação por decreto. Novamente a carga da idiotice caía nas costas do povo, porque o boicote das industrias faziam as mercadorias sumirem das prateleiras. E essas idéias eram tão acreditadas, que o Brasileiro se imbuia totalmente delas e invadiam supermercados em patriotadas ridículas e sem qualquer resultado.

Uma delas foi o famoso confisco do boi no pasto, uma invasão à propriedade, para proporcionar carne barata sem o aumento inflaçionário que corroia diariamente o nosso dinheiro.

Tempos de inflação galopando a 80% ao mês, quando se comprava no momento do recebimento do salário, para fugir da desvalorização da moeda. Isso quer dizer que cem reais no recebimento, só valeriam vinte dentro de trinta dias. Pareciam tempos de guerra. Todo mundo tinha estoque de comida, com medo da fome e fazer compras imensas no supermercado, era demonstração elitista de status.

A confusão era imensa e as presepadas econômicas maiores ainda. O Brasil chegou ao cúmulo de confiscar toda a poupança nacional, nos tempos nada saudosos de Zelia Cardoso, o que fez com que todo mundo se tornasse inadimplente dos compromissos assumidos. Toda a suada economia foi tirada, e seus padecentes proprietários só podiam retirar cinqüenta não sei o que lá ( eita memória!)do banco.

Na contrapartida dessa miséria toda vinham as obras faraônicas dos Governos. Cada um com a sua. Algumas delas até de muita utilidade como a nossa BR 364, Belém-Brasilia e a malfadada trans-amazônica, que poderia ser vista até da lua e hoje não passa de esqueletos de máquinas enfileiradas, em um mórbido cemitério de somas imensas de dinheiro enterradas.

E passamos heroicamente por tudo isso.

E hoje a economia mundial se diz penalizada porque banqueiros paquidérmicos fizeram suas besteiras. Como se as necessidades de todos os povos surgissem a partir delas. A fome já é uma verdade antiga deste planeta. O mundo convive com ela a milênios. Fome vinda da falta de recursos e da carência de todas as etnias desta terra, cujas riquezas são sistematicamente carreadas para a pança de verdadeiros potentados econômicos do mundo.

Que crise que nada! Já engolimos sapos maiores do que esse a seco e sem água. E sem poder abrir o bico. Caladinhos cada um no seu cantinho, sob pena de cair em mãos de algum torturadorzinho de merda e ser taxado de comunista.

Que bolsa de valores bosta nenhuma! Dinheiro ganho sem trabalho e sem dignidade. Especulação financeira da pior espécie, manipulada por jogadores frios e calculistas, que há muito esqueceram os princípios de humanidade e parceria.

O que eu aconselho a essa gente é um pouco de cuidado. De cautela. O pavio Brasileiro anda curto. E ninguém nunca sabe o que realmente existe dentro da alma de um povo tão enganado, tão vilipendiado, tão roubado e tão sofrido como o nosso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fez-me lembrar do passado. Nesta época coca cola era coisa de outro mundo,impossível! A dita poupancinha desvaleu-se em poucos minutinhos e minha mãe burra pra cachorro não sabia mexer com banco. Resumindo foram tempos difíceis. Ai, Ai, passou...
Não estou escrevendo que estamos em um mar de rosas, mas relatando um fato passado em minha vida, e que o passado para mim reflete o futuro de muita gente.

Anônimo disse...

Espero que entenda! E se não fui clara mande-me um e-mail, dou_tora_linda@hotmail.com, beijos