EDUCAÇÃO É MAIS BARATO!

Educação é um barato!

Às vezes dizemos coisas absolutamente desnecessárias. Geralmente tais manifestações costumam vir acompanhadas de problemas sempre maiores que essas ditas asneiras. Sem motivo algum ou simplesmente por uma xenofobia oculta, colocamos pra fora nossa neurastenia com toda a humanidade da qual fazemos parte.

Coisas simples como um sonoro “idiota...” após uma trombada na saída do elevador, podem transformar o resto do dia num inferno. Seria tão mais simples que um dos dois reconhecesse o erro, pedisse desculpas e ajudasse a colocar em ordem a papelada de dois anos de trabalho: uma tese de doutorado cuidadosamente organizada, agora totalmente esparramada sob os pés de inadvertidos transeuntes de um edifício de quarenta andares.

Outros exemplos não faltam.Vejamos a seguinte cena.
Um homem entra em um pub e vê no balcão apenas um banquinho vazio.Após um natural empurra-empurra, o nosso já amassado e irritado amigo chega até o tão procurado e único lugar disponível no antro. O que se ouve é um diálogo burro, sem sentido e agressivo:

---Posso me sentar aqui? Pergunta o cavalheiro ainda com uma certa distinção.
---O que é que eu tenho com isso? Responde a loira arrogante, já pensando em abrir um processo por assédio sexual.
Bastou isso e pronto. Tudo revirado. O prazer se transforma em raiva e a resposta vem incontinenti.
---Você é muito gorda e tem a bunda muito grande. Daí eu pensei que pudesse precisar dos dois banquinhos.

Que bobagem!
A bunda e a loira com os olhos cheios de água e espumando de ódio correm pro banheiro pra retocar a maquiagem e o imbecil se sente orgulhoso de ter se vingado de uma imaginária rejeição.

Tudo terminaria bem se a arapuca do destino não estivesse armada apenas à espera de que um desavisado lhe mordesse a isca. Mas estava. E da armação fazia parte o“Mão Pesada”. Um branquelão ao estilo armário. Quase quinhentos metros quadrados de homem, cujas mãos pareciam duas marretas pesando vinte quilos cada uma.

O que eu vi em seguida - olhando pelo vidro, depois de correr pra fora do pub- foi a loira ( e a bunda) saindo do banheiro e dando de cara com aquele sujeito de tamanho descomunal. Por tudo o que a cena mostrava ficava claro que o “trivellato” estranhara a forma apressada com que a loira fora pro banheiro e queria notícias sobre o acontecido. Primeiro tive a impressão que ela se esforçava pra não contar, receosa da confusão que causaria. Em seguida, não resistiu. Começou a chorar e apontou para o seu desafeto, que calmamente e agora de costas para o balcão, bebia uma latinha de cerveja.

Ele só foi saber o que aconteceu, depois de sair do coma.
Uma surra em regra que além de quebrar alguns dentes, partiu duas costelas, um braço e uma mesa que fez o que pôde pra não deixar o corpo do rapaz se estatelar no chão.

Fechando a conta: uma loira com uma bunda ultrajada, dois anos de cadeia pagos pelo agressor com serviços à comunidade, e uma imensa conta de hospital. Tudo em troca de absolutamente nada.

Vejamos a mesma cena, agora com diálogo civilizado.
---Posso me sentar aqui? Pergunta o cavalheiro com uma certa distinção.
---Claro. Porque não? Fique a vontade- Responde uma loira bonita e dona de uma bunda irrepreensível.
---Obrigado. Você é muito gentil - agradece o nosso agora educado protagonista.

Pronto. Tudo resolvido. Problema zero. E ainda uma grande possibilidade de sair com uma loira de baixo do braço.

Se até agora o tom foi de brincadeira, daqui pra frente é sério. E aqui vão alguns conselhos alugados (conselhos dados são sempre mal recebidos e pagos sempre muito caros). São apenas 3 regrinhas que de uma hora pra outra podem mudar pra coisa nenhuma o nada da sua vida, mas que, pelo menos, vão evitar danos à sua saúde ou deixar você com cara de babão.

Primeira – Nunca elogie nada que não seja realmente grande e que pela própria importância dê consistência ao seu elogio.
Segunda - Nunca critique nada que não seja realmente danoso ou absurdamente mal feito ou sem sombra de dúvida totalmente errado.
Terceira – Tenha sempre uma expressão amável na boca. Alguns exemplos tão em desuso: “obrigado”, “dá licença”, “quanta gentileza”, ”desculpe”, ”por favor” e etc...

Elogios a fatos pequenos transformam a gentileza em idiotice. Fatos pequenos merecem pequenos comentários do tipo: “ adorei você ontem” e nunca “ Você foi maravilhosa, perfeita, nota mil” ou “Que noite! Você se superou! Uma verdadeira Deusa! Se eu fosse mulher e ouvisse isso, entraria imediatamente em uma livraria pra comprar o Kamasutra.

De outra forma se o erro foi pequeno teça comentários pequenos. Um simples “acho que você anda precisando de férias” ou “ você não anda prestando muita atenção” podem ser suficientes.

Quanto às palavras amáveis fica provado. É maravilhoso perceber que alguém ficou feliz mesmo que por pouquíssimo tempo. O Lula é um grande exemplo disso. Emociona, remexe, levanta a jogada. Pode até não marcar o gol, mas isso se deve à trave que nunca está na trajetória da bola. E quando está parece ter mais goleiro que espaço vazio.

O ministério público adverte: gentileza evita processos e penas pagas às duras penas.
O ministério da saúde adverte: ser idiota é uma droga e causa dependência. Não existem níveis seguros de idiotice.
O ministério da economia adverte: Ser educado é um barato, na maioria das vezes, bem mais barato.