ENFIM, UM ALÍVIO
Já vou avisando que não entendo muito de economia. Principalmente dessa tão propalada economia globalizada, que coloca o mundo inteiro no mesmo um balaio de gatos, com ratos e cachorros dentro. Uma esquisitice tão imensa, que as vezes parece fruto apenas de retórica, jogando no esquecimento aquele velho ditado de que na prática a teoria é completamente outra. E essa total e tresloucada mania moderna insiste em erguer ao mesmo degrau da gloria do desenvolvimento, países como a Alemanha, as rastejantes República de Serra Leoa e ilhas Seychelles.
Pura filosofia. Uma conversa que não vai dar em absolutamente nada, e que só se presta para garantir os velhos e antigos direitos dos impérios econômicos e suas hegemonias. Uma velha história, antiga conhecida da humanidade, que ordena que a miséria mundial produza incansavelmente, para que o resultado seja gasto de forma pródiga e nababesca por todos os imperadores do planeta.
O que aconteceu com os Estados Unidos foi apenas um mal estar. Uma virose, digamos assim, que pode deixar por uns tempos o gigante na cama, mas que perante os diagnósticos mais severos, nem de longe coloca o paciente em estado terminal. O paciente está estável, como dizem os médicos que não querem dizer nada, perante repórteres ávidos de informações sobre o balaço que perfurou o crânio da última tentativa de homicídio.
Até porque o mundo inteiro se mobiliza nesse atendimento. Na enfermaria fiscal luta-se para abaixar a febre dos juros altos, que aos poucos tende a ceder, proporcionando alívio. Na ortopedia do crédito, que anda imobilizando os passos do consumo, bilhões e bilhões de dólares estão sendo enxertados, e, após algum tempo de fisioterapia obrigatória, com certeza os ossos serão colados e tudo voltará ao normal.
Que ninguém pense que o capitalismo vai sucumbir por um resfriado econômico. Doce engano. A recuperação total é só uma questão de tempo. Acho que de pouco tempo.
O que me alegra muito é que talvez tenha chegado a hora de dar um brecada brusca, na farra de consumo que o mundo inteiro atravessa, em nome de um tal de crescimento econômico.
Quem sabe com esse mal estar geral o planeta tenha um alívio e deixe de ser tão depredado em nome de confortos desnecessários e supérfluos. Um descaso tão sem regra que vinha colocando só no Brasil, um milhão e meio de veículos automotores por ano.
Quem sabe assim, e por pura falta de compradores, os madeireiros dêem um sossego à Amazônia. Quem sabe assim a poluição diminua e a próxima geração venha livre das bronquites e dos problemas pulmonares.
No fundo no fundo, o mundo vasto mundo, vai ter que pisar fundo no consumismo maluco.
E quem tem um automóvel pare de pensar em ter dois. E quem tem duas televisões pare de pensar em ter 4. E quem tem vergonha na cara, tenha um pouco mais e pare de desperdiçar.
E que a obesidade da fartura se transforme em comedimento, emagreça e livre muita gente da pressão alta e do diabetes. E que finalmente, as notícias das bolsas de valores parem de me encher o saco todos os dias.
A minha anda vazia, e em queda constante.
Um comentário:
Parabéns! Maravilhoso é o melhor texto que já li desde então, criativo e muito engraçado em alguns aspectos.
Beijos Débora
Postar um comentário