MIMOSA. A VACA MAGRA.
Lá bem longe, nos campos da mente ociosa de pretensos escritores, nas áreas imensas onde se situam as fazendas menos criativas e utilizadas do cérebro humano, vivia Mimosa, nossa vaquinha. O nome Mimosa foi dado por pura preguiça de procurar um melhor, além do que Mimosa é nome de vaca, em toda a literatura mundial. Então é Mimosa e pronto e acabou-se.
Mimosa vivia em uma pequena propriedade rural, onde uma cerca parecia separar claramente os privilégios que Deus dá a uns e nega a outros. E a separação era matemática. A dez centímetros para o lado do campo onde nossa Mimosa pastava tudo era seco, o capim miúdo, cheio de carrapichos, ervas daninha e plantinhas magras e feias. Nessa pradaria, a alimentação era um esforço imenso, tanto para Mimosa quanto para Bambi, o seu bezerrinho. É preciso dizer que o nome Bambi foi dado devido a um certo desvio de personalidade do escritor que vos fala, que o leva a achar que todo bezerrinho já nasce com trejeitinhos gays e muito viadinhos. É só reparar pra perceber. Eles têm chiliques no corpo e não andam, saltitam.
Pois bem. Do outro lado da cerca o cenário é completamente outro. O capim é de tal viço que quase esconde os lombos robustos de uma vacada branca, gorda e sofisticada. Elas ficam por ali e se alimentam sem qualquer esforço. Pro lado da estrada dá pra ver claramente um tanque totalmente coberto onde todas tomam água, que escorre limpinha por uma bica que vem direto do rio. Tem também um cocho onde todos os dias alguém despeja sal e outros nutrientes. O cenário é maravilhoso, não fosse por essa partição que deixa tanto para uns e tão pouco para outros.
Mas hoje é dia do caminhão. E mimosa também invejava o caminhão. Ele parava de ré encostando-se a uma rampa e a cena da admiração de mimosa se dava. Logo algumas delas eram reunidas no pasto, e depois de tomarem um banho de esguicho, subiam formosas e orgulhosas na carroceria, com o soalho coberto com capim, cheio de luxo.
Mimosa pensava ser essa a vida que pediu para o Deus das vacas. Mas o mesmo Deus que dava tanto para aquelas irmãs maravilhosas, negava tudo a ela.
Depois de todo o rebanho embarcado, o empregado fechava a parte de trás da carroceria e saia imponente, carregado de animais bonitos e gordos.Mimosa se deliciava com a cena. E desejava isso pra bambi. Queria porque queria que o seu filho, quando crescesse pudesse ter aqueles cuidados e se tornar um touro forte, cheio de fêmeas à sua volta.
O caminhão partiu. Mimosa não sabe ler. Mas ela conseguiu ver algo desenhado na lateral da carroceria. Desenho grande. Uma beleza de placa. A ultima cena que ela avistou do caminhão foi as formas de uma certa palavra que ela não sabe o que é...”...TADOURO”. E o caminhão sumiu na curva lá no pé da montanha. Mimosa ficou triste e até hoje continua invejando a riqueza e a vida fausta que ela não conhece.
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