ALVISSARAS!
Alvíssaras! Alvíssaras! O mundo parece que vai ter um sossego! A terra parece que vai ter um descanso! A indústria está esfriando e essa temperatura baixa é capaz de minimizar o efeito estufa, no inferno de um planeta movido a explosões de combustíveis, nos motores do egoísmo e do conforto individual.
O consumismo maluco, depois de receber safanões e ouvir impropérios da sensatez, parece resolvido a se comportar como um bom menino, que , por castigo, tem sua mesada cortada pela metade. Vamos gastar menos água, poluir menos os nossos rios onde milhares de espécies se encontram na UTI da falta de oxigênio.
A pesca desenfreada sofreu uma frenagem súbita à vista de um desastre iminente e anunciado. Baleias agradecem sensibilizadas o favor humano de lhes permitir a vida e hoje passeiam seus corpanzis imensos por todos os sete mares. Os salmões, por falta de poder aquisitivo, deixarão de nadar nas panelas de água fervente das cozinhas, podendo assim voltar ao nível populacional de outrora.
Em breve, senhores terráqueos, veremos um sol diferente. Nunca visto. Um sol totalmente nu, sem o velame da poluição que lhe empana o brilho. Sol da manhã de antigas fazendas, dando mais viço e cor às primaveras do campo. Haverão chuvas regulares novamente e o meu cajueiro não perderá uma florada inteira sem a preciosa água que me daria seus frutos.
Haveremos, humanóides burros e imbecis, de respirar oxigênio. Não essa mistura de carbono e de fuligem, que nos ataca as vias aéreas, nos deixando à mercê das tosses tísicas e efisêmicas. Haverá menos incêndios de florestas, campos e cerrados, o que proporcionará uma sobrevida à natureza em estado terminal e nos últimos suspiros.
Quem sabe assim, com essa considerável diminuição dos níveis de libido das indústrias, o tesão se volte para a construção de casas, abrigos, roupas e alimento que trarão para o conforto, bilhões de seres humanos que hoje vivem reféns de todas as agruras possíveis?
Quem sabe se com esse direto no queixo, o egoísmo e a ganância venham a nocaute, nos livrando da marginalidade e do crime, em uma imensa festa catártica onde, em uma alegria nunca vista, todos sapatearão sobre seus cadáveres?
Quem sabe irmãos, quem sabe.
Eu só sinto mesmo é pelo desemprego. Mas isso sempre foi assim. A carga maior das estultices e dos desassombros sempre cai nas costas dos mais fracos. É o menos favorecido que sempre paga a conta. Ele é quem pinga magros proventos na sandice dos impostos, que, sob o pretexto de aliviar suas vidas, irão parar nas contas dos potentados econômicos, que hoje balançam na corda bamba de suas próprias peraltices.
Impostos que deveriam ser aproveitados para a construção de ferrovias e não desses caminhos esburacados, cobertos com massa de petróleo, que a indignidade dos governantes insistem em chamar de estradas.
Impostos que deveriam se voltar para o transporte coletivo, tirando das ruas as obras de arte do automobilismo, que só se prestam a dar conforto a poucos e exibir status, à fome e a miséria que anda quase descalça pelas ruas.
Alvíssaras! Alvíssaras! O alívio já deu mostras do que veio. O desmatamento da Amazônia acaba de diminuir em 80%. Isto porque suas madeiras não se prestarão mais a enfeitar painéis de automóveis ou outros usos totalmente desnecessários.
Não há compradores. Não há dinheiro para o supérfluo. Não há crédito para financiar abusos. O mundo está presenciando o início do que pode ser chamado de qualidade de vida. Estamos vendo o nascer de uma nova era.
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