DOCE ILUSÃO OU ILUSÃO IDIÓTICA
Para nós, que pagamos a preços altíssimos, o retorno justo de tudo que nos é tirado sob a tirania indiscutível dos impostos, taxas e outras ladinagens, resta apenas a doce ilusão da esperança de dias melhores. E não tem choro e nem vela e nem fita amarela. A crueldade da matemática não admite erro e na soma das divisões a tristeza se multiplica e mostra que a planície dos mortais é, e sempre será subtraída. E tudo é muito simples. Simplicidade franciscana comparada ao dois mais dois são quatro, mas que na conta do poder é cinco e na estranheza da realidade não passa de três.
Não acredita? Então comece imaginando só o poder legislativo que é regiamente pago para fiscalizar e cuidar da ordenação jurídica deste Brasil imenso. Só neste item podemos computar, na laje superior, mais de cem mil vereadores retirando seus salários mensais do bolso de cada um dos duzentos milhões de Brasileiros. E não é só isso. É preciso inserir nessa preocupante conta cinco ou seis apaniguados de cada um deles, a titulo de assessores, mas que na realidade são cabos eleitorais, puxassacos de toda espécie, nepotismo cruzado e outras moscas varejeiras revoando o mel do dinheiro fácil.
Só aí o povo Brasileiro paga para que mais de seiscentas mil pessoas deitem e sosseguem em berço esplêndido, enquanto o Sr. Zé Mané, morador da vila dos confins, além muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, vai carregar as pedras que a desfaçatez e a insensibilidade pública lhes colocam nas costas. Seiscentas mil pessoas a tirar quatro meses de trabalho por ano desse infeliz, e pagar com uma banana - não a fruta, que pelo menos amenizaria suas agruras de fome - bem dada.
O mesmo Poder Legislativo ainda vai mais longe. Mais longe do que é capaz de ir a imaginação inocente da plebe, considerada asqueirosa e fútil, no primeiro minuto após a contagem dos votos de todos os pleitos. Com o dinheiro suado que todos são obrigados a deixar nos cofres elefantíacos das obrigações cidadãs, as Assembléias Legislativas Estaduais nadam à largas braçadas, nos rios das desobrigações e do ócio. Aproximadamente quinhentos Deputados Estaduais , cada um ao custo de cerca de quatro milhões por ano, inserindo também no mesmo balaio de gatos, apaniguados de cada um deles a titulo de assessores, mas cabos eleitorais, puxassacos de toda espécie, nepotismo cruzado e outras moscas varejeiras revoando o mel do dinheiro fácil.
No primeiríssimo andar da esfera Federal a conta é mais cruel ainda. Por lá, a raia miúda dos incansáveis trabalhadores do Pais, banca mordomias inimagináveis, onde mais de seiscentos homens cruzam os braços sob o caos imposto pelas medidas provisórias. As grandes preocupações de todo esse aparato são casuísticas, envolvendo questões de ordem política que só interessam a eles mesmo. Nesse âmbito a conta paga é infinitamente mais cara sendo preciso inserir também apaniguados de cada um deles a titulo de assessores mas que na realidade são cabos eleitorais, puxassacos de toda espécie, nepotismo cruzado e outras moscas varejeiras revoando o mel do dinheiro fácil.
E esse é apenas um dos nossos três poderes. Nos outros a situação é parecida. Vinte e seis Governadores e vinte e seis prefeitos de capitais usando e abusando da imensa quantidade de dinheiro oriunda dos impostos, em concorrências estranhas, malversação do dinheiro público, verbas publicitárias megalomaníacas, mordomias também inimagináveis e outras estultices completamente fora da ordem. É bom lembrar também aqui apaniguados de cada um deles a titulo de assessores mas que na realidade são cabos eleitorais, puxassacos de toda espécie, nepotismo cruzado e outras moscas varejeiras revoando o mel do dinheiro fácil.
É preciso dizer também que pagamos uma das justiças mais caras do mundo, cuja lentidão faz de suas decisões remete à injustiça das desnecidades que o tempo impõe às suas sentenças. Sempre deixando transparecer que o rigor da pena é inversamente proporcional ao volume da conta bancária.
Quer mais? Aumente essa conta com os funcionários públicos, ONGs, verbas para eventos desnecessários, viagens internacionais sem sentido, despesas funcionais estranhas, combustível, jantares, hotéis cinco estrelas e até bacanais pagos com o dinheiro do povo.
Depois disso tudo você ainda acha que sobra alguma coisa? Acertou! Claro que sobra, mas ninguém conta onde. Ninguem sabe, ninguém viu. O que todos sabem é a falta que essa sobra faz. Nos buracos que matam trabalhadores nas ruas e estradas. Na saúde que tira da vida os que não têm atendimento e remédios. Na educação que exporta para a marginalidade uma juventude sem futuro. Na guerra declarada entre a miséria e o excesso. Na segurança que se bandeia cada vez mais em busca de recursos de sobrevivência. Na informalidade que abriga metade da população Brasileira. E por aí vai.
Se você ainda tem esperanças de que dias melhores virão, continue tendo. Mas não para os próximos vinte ou trinta anos. A esperança, que é a ultima que morre, já dá sinais claros a esta geração, de saúde precária. Talvez ela morra antes e não deixe ninguém ver o que precisa ser mudado. E tudo não passe de uma ilusão redesenhada de dois em dois anos nas campanhas marketeiras do voto. Doce ilusão.
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