QUE LOUCURA!
Hoje eu resolvi me mostrar. Arregaçar . Abrir a caixa preta e revelar a intimidade deste meu vôo pela vida. Quero me expor como um carro alegórico: alegre, contagiante e absolutamente sem sentido. Quero aflorar. Raiar como a madrugada raia, para ver a felicidade espalhada na praia. Surgir como o sol que nasce pra todos, mas manda para os ociosos seus calores mais carinhosos. E quando jorra sua luz no mar, azuleja a imaginação e brilha um brilho de euforia perigosamente viciante. O ministério da saúde adverte: o sol é excitante e pode causar dependência. Eu mesmo conheço centenas de casos.
Voltando ao assunto, e a partir dessa vontade meio maluco-exibicionista, primeiramente foi preciso transpor uma barreira: a de não reconhecer em mim nem o engenho e nem a arte para fazê-lo. Não sei como me analisar, e é difícil encontrar cursos do tipo “psicologia em 10 lições” ou “seja um psiquiatra sem sair de casa“. Andei pesquisando em psicosites, revirei páginas especializadas em distúrbios de personalidade e nada. Procurei nas principais patologias e bulhufas. Conversei rapidamente com profissionais da área, bêbados conselheiros, amigos que sabem tudo e fiquei na mesma.
Já que não consegui me localizar com a ajuda da ciência, eu me virei pro outro lado. Estudei os loucos.
Mergulhando profundamente na biografia do Fernando Collor de Mello fiz uma descoberta maravilhosa: o Fernando é sadio, pirados são os milhões de brasileiros. Insatisfeito e ainda em dúvida, comprovei a tese. Abri o livro da vida do Jânio Quadros e não deu outra: somos realmente um País de malucos. Comprove você mesmo. Exemplos não faltam. Leonel Brizola, PC Farias, Antonio Carlos Magalhães e muitos outros e outros e outros e outros. Excelentes ícones da perfeita sanidade mental que comprovam com suas ações que nós, os brasileiros, somos todos ensandecidos.
Infelizmente, não resolveu. Mesmo com tanto aprofundamento, continuei na estaca zero. Daí me veio um chilique e resolvi dar um basta. Que psiquiatria que nada. Psicologia uma ova. Essa gente estuda os doentes e eles mesmo reconhecem um limite tênue entre a loucura e a sanidade. E esse é o ponto cego da ciência. E pra piorar tudo: eu estou exatamente nele. Um tipo que gostaria de ser completamente doido, mas que não tem competência pra tanto. Ou outro que tem tendência acentuada para os padrões sociais vigentes, mas que não suporta o mau cheiro dessa meleca.
Aí sim, consegui assentar a base. Além de traçar meu psicotipo, criei para os meus incontáveis iguais alguns neologismos que bem podem dar uma ajudazinha, definindo novas doenças mentais, para os que não conseguem localizar os seus parâmetros.
Vamos nessa.
Jubiloso Compulsivo Enervante. Tipo psicótico desaconselhável como companhia para depressivos. Ri de tudo. Faz da vida uma piada ( na maioria das vezes sem graça, mas que ele ri assim mesmo). É preciso cuidados especiais para conviver com ele. O acometido pode liberar psicotomiméticos capazes de levar à amnésia melancólica ( perda do campo da memória down, tão importante para os que curtem aquela aparência cult –filosófico- introspectiva).
Insólito Ativo. Bicho-grilo dependente de todas as ideologias. E as usa também de forma insólita. É completamente contrario a todas , mas precisa delas para abrir debates calorosos. Às vezes é a favor. Por outras muito antes pelo contrário. Tudo depende da tese levantada pelo seu interlocutor. Usa constantemente de termos como “eu acho”, “nem que a vaca tussa”, “qual é meu?” “negativo...” e outras estultices.
Os sintomas mais visíveis dessa patologia são as fantasias usadas pelos portadores como vestimenta. Têm aparência mongolóide. Andam empurrando as pernas e , em uma visão mais aprofundada, sofrem de forma branda da Síndrome de down. Os cabelos também demonstram a doença e têm aparência estranha. O fato se dá como conseqüência do apodrecimento total da massa cinzenta que, de uma forma ou de outra,-pesquisa em andamento- deixa seqüelas nas raízes. Tendem ao uso de drogas baratas.
Insólito passivo. Um tipo psicoparasita. O interlocutor preferido dos Insólitos ativos. Sobrevivem levando a pior em todas as discussões com os ativos. E entram em óbito sem a presença deles.
Homines homo. Portadores de uma patologia denominada Síndrome camaleônica, o homines homo nasce com o privilégio do mimetismo social. Ninguém os percebe, porque tais indivíduos se igualam totalmente ao meio social onde vivem. Em conversas com bandidos são criminosos simpatizantes e por isso nunca perdem um pronunciamento oficial em rede de televisão. Sua ideologia pode ser definida em pouquíssimas palavras : Se hay govierno soy plenamente a favor . Ao contrário dos insólitos concordam com tudo. O máximo que conseguem ao manifestar suas opiniões sobre qualquer idiotice é um sonoro “ pensando bem....voce pode estar com a razão”.
Nada melhor do que fazer humor com eles. Riem de tudo, até de fratura exposta. Na minha pesquisa encontrei um que entrou em histeria, depois de rir sem parar da piada da formiguinha e do elefante contada por um deputado federal. Outro virou aliado do Paulo Maluf depois que ouviu o Fernando Henrique Cardoso dizer que o Lula não é um Presidente sério. Depois se filiou ao PT após ouvir a resposta do Lula. Tudo isso em dois dias.
Geralmente são excelentes gerentes de banco, proprietários de veículos de comunicação, políticos e em regra geral sempre se dão bem na vida.
Encontrá-los para pesquisa é fácil, basta freqüentar os lugares da moda, prostíbulos classe A e sites de pedofilia
Energumeníase Claudicante Diz-se dos excessivamente energizados. Hipermaníacos, hiperativos e hiperinsuportáveis. Geneticamente neurotizados, esses indivíduos parecem portadores de corrente elétrica em curto circuito. Sentados tremem as pernas ou os pés ritmadamente, e olham para todos os lados como se examinassem detalhadamente o ambiente. Cuidado! Se um deles pega uma, chave, um copo ou qualquer outro objeto vai começar a movê-los imediatamente, ou a socá-los na mesa. Ainda não se sabe se isso é pra ouvir o barulho, sentir a resistência física do material ou os dois ao mesmo tempo. O certo é que provocam profundas irritações. Os Energúmenos Claudicantes não podem ver telefone sem fazer uma ligação, e adoram dar piparotes em aquário só pra ver os peixinhos saírem em disparada. Mexem em tudo e quando não têm nada pra mexer ficam apertando o pinto. São claudicantes porque titubeiam ao conversar, não dizem coisa com coisa e quando o fazem, não conhecem nada do assunto. Verdadeiramente parecem possuídos e dado ao adiantado grau da loucura, precisam mais de exorcistas que psiquiatras.
Nanocefalia Pegajosa. Patologia ainda não totalmente estudada ou cientificamente descrita no seu todo. Tudo o que se sabe é que são indivíduos com pouco volume cerebral que tentam compensar sua deficiência usando o cérebro de terceiros. Ai dos que são escolhidos para essa compensação. O nanocefálico pegajoso cola e não larga. O ego desses indivíduos são providos de ventosas, com garras em formas de pinça, que possibilitam o seu modus vivendi parasitário. Para ludibriar suas vítimas, e anestesiá-las enquanto utilizam seus respectivos cérebros, o nanocefálico dá sinais claros de suposta escravização, prestando-se assim aos mais humilhantes afazeres domésticos. Enfrentam filas de banco, cozinham, lavam roupa, dão banho ( com direito inclusive à shampoo e condicionador) e ainda se oferecem para fazer massagens e cantar o “nana nenê nana pra crescer...” em momentos de insônia dos seus parasitados.
Quando o parasitado assusta e tenta se rebelar, já é tarde. Já está totalmente imobilizado. A morte é lenta e a fase terminal pode se prolongar por até cincoenta anos. O nanocefálico em algum momento sofre uma grande metamorfose. Sai de parasita para noivo e em ultima fase para marido. A partir daí perde toda as características hipnotizantes, dominando por completo sua impotente vítima. A cura é rara, mas alguns casos já foram notificados.
E por aí vai.
Quer mesmo saber? Eu acho que em algum momento, milhões e milhões de pessoas no mundo já sofreram de um desses males ou de todos.
Eu por exemplo, sou tudo isso. E não paro por aí. Tenho ainda uma série de outras psicopatias que não posso contar agora por falta de tempo. Deus está sentado no meu sofá e me chama insistentemente. Trouxe Hitler. Juntos querem me convencer que eu sou o “eleito” para uma nova arrancada nazista na Alemanha.
Mas prometo: Em breve volto ao assunto.
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