A MORTE DO ÚLTIMO DEUS PAGÃO
Neste mundão velho o negócio é assim: nada pode ser muito apertado e nem muito frouxo. Nada pode ser muito quente ou muito frio. Nada pode propor qualquer radicalismo. E isso significa que até o excesso de liberdade, pode significar o direto no queixo da ordenação social e levar toda a sociedade a nocaute, babando pelo canto da boca.
Uma vez alguém disse que o Capitalismo não daria certo pelo excesso de frieza dos seus conceitos, e que o socialismo seria impraticável pelo excesso de romantismo que significa todo o seu contexto. E isso é pura verdade. O Capitalismo fechou tanto o cerco em cima do capital, que este passou a ser o valor maior da moral e da ética vigente, classificando seres humanos apenas por tudo o que são capazes de produzir e transfomar em dinheiro, que não recebe inteiro.
Qualquer mão de obra paga seu salário em dois ou 3 dias da sua produção, ficando os 27 reastantes para o poder econômico do proprietário da indústria, impostos e outras imposições estranhas à sua própria vida. O INSS que abre sua bocarra sobre as folhas de pagamento, por exemplo, não segura ninguém em lugar nenhum, mesmo sendo Instituto Nacional de Seguro Social.
E é aí que o excesso radical se mostra. O trabalhador Brasileiro nunca trabalha para ele e sim para poder suprir suas necessidades básicas na velha rotina de trabalhar para permanecer vivo, para trabalhar novamente, para permanecer vivo. E os números bem demonstram isso. Cem operários da construção civil levantam um prédio de 20 andares em um ano e no final custam no máximo 10% do valor final da obra. Isso sem contar a insalubridade e os perigos constantes que matam milhares de trabalhadores por ano.
Depois que inventaram o Neo Liberalismo, a grande burrice moderna que joga nosso futuro e a nossa sorte nas mãos de um suposto “mercado” – uma instituição macro e disfarçadamente anônima que responde por tudo o que pode ser transformado em dinheiro e por tudo o que o dinheiro pode transformar – a coisa ficou pior ainda.
O que acontece é que essa instituição não é tão anônima assim. Ela leva o nome do grande poder econômico do mundo e conglomerados financeiros espalhados por países do primeiro mundo que, não satisfeitos com a posse de quase todo o meio monetário circulante no mundo, ainda criaram o grande cancro humano chamado mercado de capitais e suas especulações sofisticadas e sujas.
Um dos grandes exemplos de neoliberais Brasileiro é o ex Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em nome dessa teoria que hoje bambeia suas pernas, entregou a preço de banana dezenas de empresas estatais nas mãos implacáveis da iniciativa privada. A Embraer foi uma delas, entregue de mãos beijadas à iniciativa privada pelas mãos também neoliberais de Itamar Franco.
E iniciativa privada é assim: se tem dinheiro tem emprego. Se não, todo mundo no olho da rua. Em outras palavras, o dinheiro de altíssimos lucros do passado recente, fica morto e enterrado e não ressuscita mais. Lucros e águas passadas não movem mais nada.
E assim caminha a humanidade. Seres humanos sendo guiados pelo deus “mercado”, adorado nos grandes templos do consumo e recebendo seus dízimos em euros e dólares. Pessoas sendo educadas para produzir e consumir e que só carregam, na pequenez que o capitalismo transformou seus cérebros, essas duas possibilidades de vida. E que buscam seus lugares ao sol do poder para escancarar suas caríssimas aquisições ou transformar o mundo na dualidade do déspota e do escravo.
Mas eis que de repente, não mais que de repente, o falso Deus comete um erro. E o mundo inteiro boquiaberto descobre que sua mais adorada divindade é burra e idiota. Descobre também que seres humanos não são verdes e nem trazem escrito na pele outra grande blasfêmia “in god we trust”. E agora, pasmo com a barbeiragem que acaba de levar o planeta inteiro à bancarrota, quer estatizar tudo de novo.
Ser humano é outra coisa. Até porque dinheiro não chora, não fica feliz, não sofre, não sorri e, principalmente, não ama.
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