O ENIGMA
Posso simplesmente ir no onde quero,
Mas simplesmente vou no onde posso.
Há um limite e o depois é sempre branco
E o que se sabe não ter sido escrito,
É o que presentemente me alivia.
E é aí que vive o desespero:
O não saber do fogo que me espera,
E o que me tange a caminhar pro fogo.
Na apnéia comum ao mundo inteiro,
Na imobilidade cruel da impotência.
Se não devo, porque quero
Viver assim em pleno suicídio?
Eu que nunca realizei um sonho,
E ainda assim sou mais
Que os que não sonham.
Eu que nunca acelerei meus passos,
E ainda assim sou mais
Que os que não andam
Eu que sempre dou mais do que recebo,
Na minha questionável humildade.
A crueldade é o futuro, que questiona:
Serei eu a minha própria recompensa?
É só em mim que encontrarei amparo?
Talvez não goste do ser que fui gerado,
Por não encontrar meus pares na desordem
De emoções hoje tão insignificadas.
Preciso escrever o glossário do meu mundo
E assim quem sabe um dia alguém me entenda.
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