MEUS SENTIMENTOS.
Todas as emoções e sentimentos humanos são absolutamente necessários. Se não, porque diabos a natureza se preocuparia em criá-los e deixá-los à nossa disposição ? Não faz nenhum sentido que algo exista, sem que haja uma necessidade real dessa existência. A diferença é que entre a necessidade e a desnecessidade existe um equilíbrio que deve ser respeitado. Viver apenas em função do que é estritamente necessário é tão incômodo quanto dedicar toda a atenção a tudo o que compõe a desnecessidade.
Como exemplo vamos imaginar a nossa própria casa. Qual a necessidade de adereços, briqueabraques e penduricalhos espalhados por todos os cantos do imóvel, mesas, geladeiras e até no nosso banheiro?
Porque um quadro bonito na parede, se parede é apenas um marco divisório de aposentos e propriedade?Porque aqueles odiosos sininhos orientais, tão irritantes pendurados na porta? Basta um ventinho de nada e a nossa sesta é imediatamente interrompida.
Qual a explicação lógica para uma música suave em momentos de ternura?Ou vasos sobre a mesa? Ou ainda aqueles infantis e idiotas enfeites de geladeira?
Pelo lado racional isso não faz sentido algum. Mas vendo pelo lado dos sentidos isso é perfeitamente racional.Da mesma forma que um pulmão quer oxigênio, os sentidos humanos também procuram seus objetos. A visão quer luz, quer cores, quer formas,enfim, quer ver. A audição quer ruídos, timbres diferenciados, compassos, pulsações e sons. A audição quer ouvir. O tato quer texturas, quer tramas, quer sentir formas, quer tocar.
Mas, mesmo em se tratando de decoração ( palavra com duas origens uma que significa ornamentar e outra que significa guardar na memória, já que os antigos pensavam que o cérebro se situava no coração) é preciso um equilíbrio entre o necessário e o desnecessário.Conheço residências que dão a impressão que o dono mora no quintal, tamanha é a desnecessidade existente dentro delas.
Em contrapartida nada de apenas cama, colchão, geladeira e televisão.
Onde paramos? Ah sim, nas emoções e sentimentos.Em relação a eles nada é desnecessário e nem pode ser desperdiçado. Desnecessário é o excesso deles quando eles se avolumam de forma insuportável e com sintomas patológicos.
Quer ver?
Que tal uma invejazinha de vez em quando?
Uma delícia. Uma pequena inveja acende um fogo brando em nossas ambições de vida e nos movimenta rumo ao invejado. Tenho pra mim que toda grande obra seja em literatura, música, ou artes plásticas tem uma pontinha de inveja nos seus autores.
A Embraer deve ter inveja da Boeing e por isso luta pra chegar lá daqui a mil e quinhentos anos.A legislatura brasileira tem inveja da francesa, mesmo sabendo que é impossível chegar a ser um parlamentar francês.Já a impunidade brasileira não tem inveja da impunidade americana. Só pode ter inveja aquilo que existe.
E que tal tecer considerações sobre o nojo?
Eu vejo muita necessidade em sentir essa sensação horrorosa. As informações que eu tenho sobre as nojentas baratas me fazem ter nojo delas, pelo tipo de sobrevivência dessa espécie e também por um cardápio nada recomendável. Mas não passam de informações.Nunca vi uma barata dentro do seu habitat natural que são os esgotos, as fossas e os lixões. Quando as vejo, elas estão dentro da minha casa e parecem limpinhas. Sempre bem cuidadinhas. Com suas roupinhas brilhantes e impecáveis.
Deve ser por isso que um Deputado tem nojo de povo. Deputados são bem informados e sabem como a pobreza vive e isso é o que lhes causa engulhos. Na verdade os pobres são bichos limpinhos quando vistos de longe, como o fazem nossos legisladores. Então porque o nojo?
Deve ser terrível para um Deputado ter que conviver com esse nojeira em época de eleição.
E o desdém?
Desdém é tudo. O dicionário o considera erroneamente como desprezo, eu não. Desdém é uma forma de indiferença forçada. Ou indiferença planejada. Mais ou menos o que o Bush sente pelo Lula. Dá até pra imaginá-lo armando um peteleco pra tirar esse pedacinho de hambúrguer que teima em ficar por cima da mesa. Desdém é o que o Governo Brasileiro sente com relação às necessidades reais do povo Brasileiro. É o que a nossa Justiça sente quando é preciso punir um colarinho branco. É o que o nosso fantástico rol de instituições de crédito sente quando alguém vai no Procon reclamar de juros altos.
E assim podemos desfilar uma série de outras emoções e sentimentos absolutamente necessários, desde que usados comedidamente.
É preciso sentir ódio, porque sem ele jamais conseguiremos dar um rumo na desnorteada bagunça Brasileira. Sentir ódio de homens públicos falsos e mentirosos. Nojo de justiça lenta e tendenciosa.
É preciso sentir ciúme. Ciúme das pessoas de boa vontade e lutar com todas as forças para que elas não se deixem contaminar pela doença do poder, como aconteceu com o nosso grande músico e questionável ministro Gilberto Gil.
E finalmente pena.Dó. Comiseração.
Compaixão por sermos Brasileiros. Donos de 20% das terras agricultáveis perenes do mundo. Oito mil quilômetros de praias. Riquezas minerais de toda ordem. A maior bacia fluvial do mundo. Um dos maiores paises em extensão do planeta. A maior floresta tropical da terra.
Terras férteis em todos os quadrantes. Sem furacões, sem neve e sem tremores de terra. Sol e chuva abundantes. Seres humanos lindos em todos os sentidos (somos os únicos a possuir em um só país baianas, cariocas, nordestinas, alemãs, italianas , francesas, mulatas, negras e índias). Carnaval, futebol, esporte, música, criatividade intensa. Inteligência, capacidade e força para o trabalho. O Brasil é tudo, mas merece pena.
Não é possível entender o porque de sermos tão pequenos.
Meus sentimentos, povo Brasileiro.
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