BEBIDA E TRÂNSITO, UMA INDIFERENÇA NACIONAL.

A despeito de a estatística Brasileira acusar mais de 70.000 acidentes de trânsito por ano, assinalando a triste média de 200 irresponsabilidades por dia – sim, porque apenas 5% desse total assinala a ausência de qualquer responsabilidade humana em suas causas – o Brasil trata com um certo descaso e aparente indiferença o seu caos do trânsito, sem tomar providências sérias e enérgicas para coibir os abusos que desrespeitam suas regras, sinalizações e leis. A impressão que fica é a da burrice econômica que insiste em economizar no remédio, por um diagnóstico errado de que o paciente não tem cura.

Isso significa que a Saúde Brasileira prefere pagar mais de 30 bilhões de reais por ano em internações e tratamentos desses verdadeiros crimes contra a integridade física das pessoas, do que alocar recursos para campanhas sérias e duras que modifiquem a postura do povo Brasileiro. Um povo já culturalmente acostumado às impunidade e indiferença da lei perante aos verdadeiros horrores provocados por criminosos armados com um volante e centenas de kg de ferragens voando no asfalto a mais de 100km por hora. Acrescente-se a isso o glamour do álcool difundido diuturnamente por nossas fábricas de cerveja, a necessidade de aproximadamente 80 metros para a frenagem total de um automóvel a essa velocidade e ainda a total ausência de reflexos causada pelo alcoolismo e pronto: merda está pronta.

Enquanto isso o Brasil insiste nas suas frases poéticas e românticas do tipo “ se beber não dirija”, na tentativa de convencer alcoólatras, bêbados e drogados a sair para suas rondas noturnas em busca de orgias e safadezas, sóbrios e sem álcool. Uma postura tímida, passiva e idiota, que jamais trará qualquer resultado positivo ao que se pretende. E tanto é assim que o resultado pode ser visto todas as manhãs na mídia do Pais, que traz estampada o horror das ferragens distorcidas, dilacerações de toda ordem e corpos de quem foi levado ao hospital mas “não resistiu aos ferimentos”.

Mas aí tem. Enquanto uns mamam na boca da garrafa, outros mamam em rios de dinheiro pagos para que ninguém tome qualquer providência séria. Um lobby poderoso de políticos bem remunerados trabalha incansavelmente para que nada seja mudado. E é por causa deles que a cerveja e outras bebidas como os coolers e etc. não são consideradas como bebidas alcoólicas por não conter teores de álcool que as classifiquem como tal. Como não são consideradas bebidas alcoólicas tem sua divulgação na mídia permitida. E o pior de tudo é que essa mesma propaganda vem repleta de glamour e informações enganosas. Mulheres bonitas, ambientes alegres, festas, praia, sol e até esportes compõem esse quadro fantástico da divulgação de bebidas alcooólicas. Isso sem considerar que apenas a visão da imagem da bebida nessas propagandas repletas de efeitos visuais, pode induzir o alcoólatra a beber.

Enquanto isso Países que levam esses assuntos a sério não têm a menor complacência com motoristas embriagados. Ningem diz a ninguém “se beber não dirija”. O que se diz é bem diferente disso: advertências sérias ao crime que significa dirijir embriagado. A conscientização de não beber vem bem definida pelas sanções penais que podem ser deflagradas pela justiça e que com toda a certeza virão em forma de penas duras a ser cumpridas em penitenciárias.
Aproveito para finalizar com uma campanha americana criada para combater o alcoolismo.
A peça de mídia impressa vem com estas duas fotos acima e com a seguinte frase:


E uma frase:
NEM SEMPRE AS PESSOAS ATINGIDAS POR UM MOTORISTA FILHO DA PUTA BEBADO, MORREM.

O filho da puta da frase é por minha conta.