EM NOME DO PAI.
Eu, no fundo no fundo, sou obrigado a me considerar um crédulo. Um ser humano como tantos outros, criado em bases cristãs que, como tantos outros também, as vezes concorda e por outras discorda das atitudes terrenas e portanto suscetíveis de erros, daqueles que tem a missão de pastorear esse frenético e maravilhoso rebanho de sêres vivos chamado de humanidade.
Eu concordo, por exemplo, com a essência perfeita que emana dos postulados da caridade e da benevolência, inserida em uma frase-poema que sempre pertencerá aos maiores enunciados humanísticos de todos os tempos: Amai ao próximo como a si mesmo. Mas desconfio da bondade falsa anunciada pela mídia, onde os senhores do poder tomam pra si as glórias dos seus feitos em benefício de todos, sem considerar que essas ações fazem parte de suas obrigações para as quais são regiamente pagos.
Eu concordo com a fidelidade que deve existir nos relacionamentos entre homens e mulheres em suas uniões de vida e carne. Concordo porque o amor transforma os pares em uma unidade Divina e abençoada. Mas discordo das prisões eternas em que essas uniões podem se transformar, e que tolhem a liberdade do indivíduo na busca da sua felicidade. Seres humanos não são estruturas monolíticas e estáticas em sua personalidade. E essa mesma dinâmica por vezes causa mudanças
Eu aceito o repúdio à permissividade e devassidão porque, além de retirar o ser humano dos bons costumes sociais, tais práticas costumam desaguar na prostituição, na corrupção de menores e no abuso econômico, que impõe o poder sobre as necessidades dos menos favorecidos. Nas não consigo acreditar que Deus - com sua onipotência e perante sua grandiosa obra - não tenha mais nada o que fazer do que ficar anotando quem entra e sai dos motéis.
Eu acredito em Deus. Eu creio profundamente nos ensinamentos Crísticos. Mas não posso admitir que Êle - nestes tempos onde a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis significam risco de vida – possa ter autorizado alguém a proibir a prática salutar do preservativo, que muito bem pode impedir a gravidez inesperada de pessoas humanas que nem saíram totalmente da infância. Porque isso pode transformar alguns devassos representantes da igreja, que a todo tempo aparecem expostos na mídia, em transmissores desses mesmos males. E eu não acredito muito em quem enrola o rabo e senta em cima.
Eu não acredito que a terra seja o centro do Universo. Eu não acredito na Santa inquisição que matou indefesas mulheres e estudiosos, por praticas de bruxaria. Eu não acredito em casamentos indissolúveis. Eu não acredito que alguém possa acreditar que o uso de embriões considerados inaptos para a vida, em benefício de toda a humanidade, possa significar crimes de tamanha ordem como assim quer a Igreja Católica.
Mas resta uma esperança. A esperança do milagre. E com ele, podemos muito bem unir a multidão de tetraplégicos, cardiopatas, cancerosos e outros portadores de deficiências próprias da natureza em uma praça e operar a cura, como o fazem discutivelmente os evangélicos.
Nesse momento eu vou calar a minha blasfemadora boca e de joelhos pedir desculpas públicas à essa igreja que faz voto de pobreza e vive em suntuosidade.
Que Deus tenha piedade da minha alma.
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