sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A ARTE DO AMOR



DELÍRIO

Nua, mas para o amor não cabe o pejo


Na minha a sua boca eu comprimia.


E, em frêmitos carnais, ela dizia:


– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!





Na inconsciência bruta do meu desejo


Fremente, a minha boca obedecia,


E os seus seios, tão rígidos mordia,


Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.





Em suspiros de gozos infinitos


Disse-me ela, ainda quase em grito:


– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.





No seu ventre pousei a minha boca,


– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,


Moralistas, perdoai! Obedeci...





Olavo Bilac

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