A ESPERANÇA
Nunca fui capaz de conviver com a esperança.
Sua inexistência parece ter sido criada para dar densidade sem matéria à incapacidade humana.
Esperança é o que não é possível, nem permitido, e que nunca será realizado.
Até porque esperanças realizadas falecem como esperanças, marcando o princípio e o fim do que nasce sem existir e permanece eternamente inexistindo.
Para ser esperança a pretensão humana precisa passar por um critério de grandeza.
Esperanças pequenas e individuais não são esperanças, são anseios, são desejos humanos na maioria das vezes factíveis a não ser por falta de esforço e de trabalho.
Verdadeiras esperanças devem ser consensuais. Devem ser imensas para que nela caibam todos os seres humanos.
E também infinitamente cruéis por dizer não, impiedosamente.
Esperança é o alívio para os que se contorcem em dores. E só existirá enquanto persistir o sofrimento.
Esperança é o pão que alivia a fome. E como ainda vai longe o tempo da finada fome, sobreviverá como a alma da esperança.
Esperança é a parceria humana, apenas uma ilusão doce a alimentar o monstro da eterna espera.
Esperança é a destruição da desigualdade monstruosa em troca de uma desigualdade menor e suportável. É a honestidade e a justiça. É a oportunidade pequena, mas capaz de provocar inumeráveis sorrisos. Apenas esperança.
Esperança é um expectro. Algo indecifravel que teima em dizer que um dia caminharemos juntos. Sem esperança. Sem desperdiçar o tempo que se perde em esperá-la.
Nunca fui capaz de conviver com a esperança.
Não quero esperar nada, por ser em vão.
Quero agora, quero receber agora.
E quando sei que a esperança é a ultima que morre, o desespero aumenta.
Essa cruel não se sabe quem criatura, continuará existindo em sobrevida, após a última vida.
Um comentário:
Uau...Finalmente entendi o que significa ESPERANÇA...mto bom!
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