quarta-feira, 10 de setembro de 2008

CONVERSA PRA BOI DORMIR



Parece que todas as pendengas entranhadas no alto escalão político do País, vêm sempre acompanhadas de uma terceira versão prontinha e estudada para ser dita à mídia. E é essa versão que comprova o incansável modelo de enganação marketeira adotada por toda a politica, cuja intenção é a de isolar toda a população da realidade dos fatos. Dessa forma fica criada uma situação no mínimo inusitada: a politicagem finge que está dizendo a verdade sobre as mentiras mais escandalosas, e, na contrapartida, o eleitorado se contorce de asco, consciente de que tudo não passa de enganação barata e fingimento.

E o pior de tudo é que ainda vai longe o tempo em que a política vai se dar conta disso. Para os altos escalões do poder, a fórmula antiga e ultrapassada do nazismo, “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”, é que detém toda a razão. O que o poder não sabe é que o mundo hoje caminha nas previsões de 1 984 de Orwell onde tudo é vigiado, tudo é bisbilhotado, mas que nele sempre tem um Maquiavel disponível para desmantelar teorizações e falsidades idiotas e imbecis.

Só que com uma diferença: o mundo adotou os olhos da investigação vindos da tecnologia, mas repudiou veementemente o “grande irmão”, - o “poder” imaginado pelo escritor George Orwell que a tudo via e de tudo sabia através de câmeras de televisão instaladas em todas as paredes, - como o dono absoluto da razão.( Aconselho a leitura)

E assim lá vamos nós, ouvindo o que não acreditamos, e plenos de certeza de tudo o que ouvimos é deslavada mentira. E assim, quando um Poder Legislativo de qualquer instância disser que rejeitou um projeto do executivo em nome do interesse do povo, esse mesmo povo sempre entende que as negociações financeiras ou a distribuição de favores entre os dois poderes não foi suficientemente polpuda para sensibilizar os legisladores. E quando esses mesmos legisladores fogem como o diabo da cruz de matérias importantíssimas como reforma política ou tributária, fica claro que isso é discussão inoportuna e pode significar riscos consistentes à peita generalizada.

Essa conversa de comadre sobre espionagem é o exemplo mais claro disso. De um lado o judiciário manda invadir a privacidade de mais de 400 mil pessoas por ano no País, incluindo nesse rol, salafrários de toda ordem e gente honesta e trabalhadora. A partir dessas escutas telefônicas,- que hoje nem de provas materiais servem,- dispara mandados de prisão em todas as direções, acompanhados das performances feéricas da Polícia Federal, sempre na mídia, algemando e carregando computadores. ( Eu sempre tenho a impressão de empregados de empresa de mudança, vestidos de preto e carregando mobiliários de residência).

Pois bem, no momento em que esse mesmo poder prova o seu próprio remédio, receitado e aplicado aos sintomas da corrupção que é nossa infecção terminal, ele mesmo começa a reclamar da qualidade do seu medicamento , colocar em dúvida a validade de sua formulação, discutir sua posologia e ainda definir com esperteza quem pode ou não pode fazer uso dessa “garrafada".

E as palavras que protestam sobre tais ações saem bonitas e lançam no vocabulário locuções como ESTADO POLICIAL e outros quetais.

Mas a verdade que salta é muito simples e pode ser resumida em poucas palavras: tudo pode daqui pra lá e nada pode de lá pra cá ou faça o que eu mando e não o que eu faço. Uma postura que tem indignado a própria policia federal que faz campanas, escutas, busca provas, desvenda mistérios e, algumas horas após a prisão da safadeza corrupta, vê todo o seu trabalho jogado fora com a liberdade dos que pungam desavergonhadamente o erário público.

É bem verdade que existe um exagero nessa excessiva invasão da privacidade telefônica de todo mundo e até acho que eu deveria entrar nessa lista. Quem sabe assim a polícia federal fica sabendo que eu ando puto da vida com o assalto da minha operadora de celular, ou então com a boca de fumo no quarteirão da minha casa, ou ainda com a conta de energia elétrica que é um verdadeiro assalto ao meu pobre bolso. Fica sabendo também que eu vivo falando no telefone sobre as péssimas condições da nossa saúde, sobre a idiotice da nossa educação, sobre a insegurança em que todos vivemos ou ainda criticando abertamente o verdadeiro roubo que são os impostos que todos os Brasileiros pagam. Ah! e antes que eu me esqueça: o assalto generalizado ao dinheiro público.

Mas só vai ouvir isso. Apenas isso e nada mais. Quem não deve não teme.

O resto é enganação. Fuxico de comadre. Conversa pra boi dormir.

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