AMIZADE

Quem imagina que um amigo vai enfrentar junto a hora de perigo, onde exista risco de vida ou à integridade física, está redondamente enganado. Isso é coisa de militares e às vezes nem mesmo eles o fazem. A lei desse momento é a do salve- se quem puder.

Quem imagina que um amigo seja capaz de emprestar dinheiro, quando comprovada a insolvência e onde exista risco de prejuízo iminente, está redondamente enganado. Isso é coisa de agiota e, na maioria das vezes, nem eles o fazem. A lei desse momento é a que diz “amigos amigos, negócios à parte”.

Quem imagina que um amigo vai ouvir lamentações constantes, choros ou tristezas, quando comprovado que ele não tem nada com isso, está redondamente enganado. Isso é coisa de psicólogos que, na maioria das vezes, dizem que o tempo acabou e mandam você passar outra hora. A lei desse momento é “ Meu ouvido não é pinico”.

Quem imagina que um amigo vai continuar amigo depois que você parou de dar festas e churrascos porque acabaram os tempos das vacas gordas, está redondamente enganado. Isso é coisa de virgens inocentes que pensam que o amor é indissolúvel e eterno, sonho que geralmente desfalece em pouquíssimo tempo. A lei desse momento é “Festa gostosa é na casa do vizinho”.

Como se vê a amizade é o laço mais frágil dos relacionamentos humanos. Nasce não se sabe onde, vive sem sentido e termina por qualquer besteira. É como uma corda imaginária que tenta laçar uma felicidade ilusória.