QUEM CALA, CONSENTE
Tenho pra mim que quando o Senador Jarbas Vasconcelos resolveu colocar a boca no trombone, decerto pensou que o Brasil, após suas sensatas declarações, iria se transformar na casa da mãe Joana. Pensou que o PMDB iria se contorcer nas dores dos brios machucados, na surpresa provocada pela intempestividade. ou nos estilhaços de um petardo de grosso calibre, que acertou o alvo da fossa e espalhou merda por toda a política. Não sobrou ninguém que não recebesse um respingo dessa fedentina ou que não estivesse incluído no balaio de gatunos, que se arranham e se mordem em busca da teta mais farta do dinheiro público.
Acho que o Senador Pernambucano, nesse rompante de patriotismo, imaginou que o edifício da democracia iria ruir nas bases e que em meio às ruínas, um foco de fogo fizesse tudo uma imensa fogueira, assistida por todos os quadrantes do Pais, como marco incandescente de uma nova era democrática. Decerto considerou que todos os partidos iriam ficar cabisbaixos, envergonhados com o tamanho da trouxa de roupa suja lavada em público. E também que o povo do Brasil iria ficar revoltado com as velhas “novidades” descritas na sua entrevista.
Acontece que estamos no Brasil Senador. E essa notícia é velha. E tão velha que meu falecido pai, um dos que lutou bravamente, com o pouco que podia fazer, para o crescimento do antigo MDB, já sabia. MDB que, muito antigamente, despontava no cenário Nacional como o sol da manhã de um novo tempo para nós que somos brasileiros. E que, em épocas mais recentes recebeu em suas águas limpas lixos de toda ordem, como um imenso Tietê catando aqui e ali restos e dejetos que lhe aumenta o tamanho, mas diminui a qualidade.
Hoje, sem dúvida é o maior partido do Brasil. Maior em mandatos e cargos comissionados. Maior nos tendenciosos direcionamentos de concorrências. Maior na subserviência incondicional. Maior na força política, que pode exigir, sem muito esforço, benesses de toda ordem. Maior em tudo, menos nas qualidades imprescindíveis que a miséria Nacional espera dos seus eleitos. E neste ponto, ilustre Senador, o imenso PMDB é muito pequeno.
Mas como eu ia dizendo, estamos no Brasil. E por aqui todo mundo já sabia disso. Vossa Excelência sabia que todo mundo já sabia disso? Se não sabia, saiba. O fulano de tal que mora lá na baixa da égua, no limite da civilização com a idade da pedra, já sabia. O ciclano que vende churrasquinhos nas portas dos cabarés e que faz vista grosa porque a filha é garota de programa, também sabia. E o pior de tudo é que mesmo sabendo, transformaram o PMDB nesse mamute de fome descomunal por cargos e poderes, onde quer que estejam e a qualquer custo.
Mas o Senador deve ter tido os seus motivos. Ninguém abre uma boca tão grande para não morder absolutamente nada. Um berro imenso a ecoar em lugar errado, tronituando em ouvidos já cansados de ouvir essas velhas e empoeiradas noticias.
Mas se fosse em algum País honesto, tais palavras não passariam em branco. E nele não se ouviria um Presidente do Senado declarando que “tais declarações são opiniões pessoais do colega de partido” ou o comando do maior partido do Brasil declarar que “trata-se de um desabafo ao qual o partido não dará maior relevo”.
E é por isso que eu disse: estamos no Brasil. E por aqui a dor das falcatruas e dos desvios já criou um imenso calo que cobre as orelhas de todos os que as ouvem na mídia, e que por isso, e sem qualquer vergonha, estarão depositando seus votos novamente nessa farra e nessa luxúria.
Ah se fosse em outro País. Ah se fosse.
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