sexta-feira, 19 de junho de 2009

DIPLOMA: TER OU NÃO TER? EIS A QUESTÃO!


Essa pendenga de diploma de jornalismo é mais uma matraquice sem sentido, e que vem à tona por mexer nos brios daqueles que investiram tempo e dinheiro para consegui-lo. Afora isso, é preciso entender que tudo ficará como dantes, e que a tal decisão do STF não influenciará de forma tão contundente, no universo empregatício da comunicação.

Até porque na oferta de postos de trabalho da iniciativa privada, as exigências vêm claramente expostas nos quesitos dessas mesmas ofertas, as vezes exigindo diploma de conclusão de primeiro grau para faxineira e guarda-noturno – sem demérito de tão honradas profissões. E ninguém pode impedir isso.

A formação educacional realmente é algo que interessa muito a qualquer tipo de contratação empregatícia. É preciso entender que alguém que tenha freqüentado bancos de escola por determinado tempo, traz em si alguns diferenciais importantíssimos. Afora a própria aculturação, que sempre proporciona ao ser humano uma visão mais clara de todo o contexto social vigente, o individuo passa por um processo de filtragem de conceituações externas, conseguindo assim uma espécie de lapidação de conceitos, que melhora substancialmente o seu auto-entendimento e sua compreensão de cidadania.

Outra reclamação que surge é a da exigência do tão discutido diploma em concursos públicos. Ora, ora, se um indivíduo qualquer estudou durante quatro anos para recebê-lo, ele terá absolutamente todas as chances de vencer quem o não fez. Então porque o medo? Não é assim que são os concursos públicos? Basta aplicar os conhecimentos recebidos e pronto. O lugar fica assegurado. Ou será que não?

Não. Não é bem assim. A prática sempre difere da teoria. E em outras palavras: um diploma qualquer, nunca foi e nunca será atestado de qualidade profissional. Até porque estamos cansados erros médicos grosseiros serem praticados por diplomados em medicina e até com especializações sofisticadas. Construções que desabam ou ameaçam desabar, calculados por arremedos de engenheiros, também diplomados e autorizados a construí-las.

O que importa aqui não é aplaudir ou menosprezar um julgamento feito por lapidares da consciência jurídica do Brasil. O que importa é limpar toda a sujeira deixada pela nojentice de uma ditadura que atrasou a evolução da nação em pelo menos duas décadas. É retirar o Brasil da companhia de Países como África do Sul, Arábia Saudita, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Croácia, Equador, Honduras, Indonésia, Síria, Tunísia, Turquia e Ucrânia – todas exigentes desse famigerado diploma. É colocá-lo ao nível da liberdade de pensamento existentes na Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Chile, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Peru, Polônia, Reino Unido, Suécia, Suíça e em vários outros, onde não existem reclamações sobre essa estranha exigência. Ressaltemos também que a China com toda a sua controversa censura, também não exige diploma.

Faz-se necessário acrescentar que nos Estados Unidos, por exemplo, 90% de todos os postos de trabalho oferecidos ao segmento, são ocupados por diplomados em jornalismo e comunicação, sem que ninguém tenha atentado a qualquer tempo, para a importância dessa obrigatoriedade.

E ainda restam algumas pergunta: Nelson Rodrigues seria melhor se tivesse freqüentado uma faculdade de jornalismo? E Ruy Barbosa? E Machado de Assis que nunca freqüentou escola regular? E Carlos Drummond que se formou em farmácia? E Monteiro Lobato que se formou em direito?

Termino deixando um texto escrito por alguém que passou pelo sofrimento de viver em um campo de concentração nazista. Talvez isso ajude a que tenhamos todos uma concepção melhor do que é a educação e o estudo para a formação dos seres humanos.

“Sou sobrevivente de um campo de concentração.
Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver.
Câmaras de gás construídas por engenheiros formados.
Crianças envenenadas por médicos diplomados.
Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas.
Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades.
Assim, tenho minhas suspeitas sobre a educação.
Meu pedido é: ajudem seus alunos a tornarem-se humanos.
Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis.
Ler, escrever e saber aritimética só são importantes
Se fizerem nossas crianças mais humanas."


Cícero Cavalcanti
www.cicerocavalcanti.blogspot.com

Um comentário:

Anônimo disse...

De novo, escreveste como eu o teria feito. Em resumo, os jornais sempre contratarão o MAIS COMPETENTE, o MAIS CAPAZ, o MELHOR.

É claro que alguns anos estudando com gente que sabe o que ensina ajudam. Mas ultimamente, em todos os cursos de jornalismo existem disciplinas em que o aluno terá de se tornar jornalista não com a ajuda do professor, mas apesar do professor...

(Anhanguera Tatuapé)