HONESTIDADE JÁ
Os árabes dizem que para um humano ser perfeito, ele precisa trazer em si todas as qualidades que nossas almas exigem. Precisa ser puro, justo, caridoso, simples, sábio, e, além de outras qualificações, também honesto. E esta última é o quesito que justifica todas as outras. Sem ela ninguém é coisa nenhuma. Porque sem ela não existe avanço no desenvolvimento humano. Sem honestidade não existe justiça, não existe sabedoria e absolutamente nada de nada. Não basta ser inteligente, não basta ser dedicado, não basta ser querido. Sem honestidade um homem não vale absolutamente nada e precisa ser jogado na vala da safadeza comum, dos ladrões, dos malfeitores e dos criminosos de toda espécie.
E o Brasil inteiro anda convivendo com esses escárnios constantes. Homens públicos que cospem e defecam nas páginas da nossa carta magna, transformando-a em um imenso rolo de papel higiênico manchado diuturnamente por atos indignos, repletos de corporativismo, apoiados e aplaudidos por aqueles que deveriam defendê-la. Nojeira a embrulhar o estomâgo até mesmo dos que fazem parte dessa pocilga, e que como porcos, já deveriam estar acostumados com essa canalhice sem tamanho, porque é comum, vez em quando, um deles manifestar indignação com sua instituição, sem que com isso possa ser inocentado de cometer as mesmas pungas.
Ontem eu vi e ouvi, estarrecido, a defesa auto-acusatória de um Presidente do Senado e Ex-Presidente da República e ex isso e ex aquilo e ex aquilo outro, explicando que as safadezas são autorizadas, permitidas, concordadas, aceitas e conferidas por lei. E pasmem todos, ainda expelia pela boca cansada e calejada de uma vida inteira de falsidades, uma certa indignação por ser desmoralizado publicamente, pela prática de uma das mais nojentas maquinações do poder que é o nepotismo. E quer que todos acreditemos nisso. Como se isso fosse de somenos importância. Como se fosse merecedor dessas benesses por grandes serviços prestados ao País. Que serviços?
E aí aparece mais uma pontinha desse iceberg de fezes mal cheirosas, chamada ato secreto. Pra mim ato secreto é fazer cocô. É fechar a porta do banheiro para que ninguém veja a nojentice que somos obrigados a fazer. Ato secreto também é transar com jornalistas nos gabinetes legislativos. Ato secreto é folha paralela de salários. É a farra da passagem aérea que proporciona mordomias de toda ordem. É o salário astronômico. É o cartão corporativo. É a contratação de centenas de diretores sem diretoria nenhuma. Isto porque a safadeza é sempre secreta e nunca vem a público a não ser por vazamentos de boquirrotos bêbados ou pela mídia investigativa.
Expedito se foi gritando aos quatro cantos a irrelevante ação inocente de ter comprado apenas mil e poucos votos. Inocente? Irrelevante? Como pode isso?
Qualquer compra de consciência é um tapa na cara da decência, da ética e da democracia. E não importa o tamanho da falcatrua. Onde existir um voto comprado vai existir desmoronamento de todo o ideal democrático. Não importa o tamanho dos feitos de quem os comprou. Não importa suas boas intenções. Não importa seus anseios. Nem que seja santo. Nem que seja sábio. Nem que seja inteligente. Qualquer desonestidade joga todas essas qualidades por terra. E tudo o que poderia ser considerado um projeto grandioso de um homem público de grande valor, deve ser inserido no SPC e no SERASA da sujeira política.
O Brasil chegou ao seu limite. Estamos no fundo do fosso ou da fossa. Ou nos rebelamos imediatamente ou jamais poderemos ser considerados como um País digno de um povo, que trabalha incansavelmente para manter um mamute insaciável, sem receber nada em troca. Ou nos contrapomos a tudo isso, em favor da assistência à saúde, ou nos entretemos com nossos dirigentes brigando entre si pela responsabilidade ou culpa.
Que tal, amigo Rondineli - amigo jornalista e excelente desenhista -, começarmos por criar camisetas, adesivos, chaveiros e quaisquer outras peças que possam ser usadas por nossa gente, nas ruas, nos bares, nas igrejas, escolas ou qualquer ambiente público?
Da minha parte posso sugerir uma frase:
Quem vota em bandido é bandido.
Ou outra que possa representar melhor nossa tomada de consciência: HONESTIDADE JÁ!
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